18 de novembro de 2008

CRONICA DO ACAMPAMENTO. TERRA DE TRIVES. SETEMBRO DE 2008



Crónica do acampamento de montanha

Nom sabemos ainda muito bem porquê, mas sem vontade de juntar muita gente, aos poucos, fomos ampliando o número de participantes nas nossas actividades e nos nossos roteiros. Se calhar é que o lazer que se oferta está cada vez mais ligado ao consumo e ao sedentarismo e aos poucos vam-nos tirando as actividades alheias ao mercado como as que AMAL propom: activas, de natureza e anti-consumistas.


Achamos que este está a ser o sucesso de AMAL e de que juntássemos 60 pessoas neste acampamento simplesmente tirando um cartazinho para pôr nos centros sociais e anunciando-o no nosso web. Mesmo há quem se queixou de que com tanta gente nos roteiros nom damos criado convívio entre o grupo e a possibilidade de interagir entre tod@s. Por outra banda, como vem sendo habitual, nom perdemos a oportunidade de criarmos consciência e compromisso de luita pola Terra entre a nossa militáncia.


As datas escolhidas fôrom o 19, 20 e 21 de Setembro, justo os últimos dias de verao. O lugar, o concelho de Sam Joam de Rio, no coraçom dumha das comarcas montanhosas mais senlheiras: Terras de Trives. numha terra que se salvou das coiteladas das grandes infraestruturas, mas está a padecer a falta de atençom e despovoa-se irremissivelmente como todo o rural galego.


1º Dia. Sexta-feira 19 de Setembro de 2008


O primeiro dia foi a chegada ao nosso destino, para alguns umha longa viagem de mais de quatro horas desde comarcas tam nortenhas como Bezoucos, Trasancos ou a Comarca de Lugo. O acampamento estava situado no beira dum rio a um bocado mais dum quilómetro do centro da vila de Sam Joám de Rio.


A primeira actividade de formaçom em reconhecimento de plantas correu a cargo de Íria, Sánti e Raquel, expertos na vida ao ar livre, mostrarom-nos que mesmo no entorno próximo do acampamento já tínhamos vegetais para muitos de nós desconhecidos e que nos podem servir de alimento. Toda essa herdança esquecida, o património sobre o conhecimento do nosso meio, perdemo-lo das geraçons anteriores e graças a actividades como estas imos agora redescobrindo @s galeg@s do século XXI.






Já no serám figemos a palestra sobre o modelo de desenvolvimento actual e as luitas ecologistas na Galiza por SOS Grova, SOS Caurel, SOS Monteferro e AMAL (a nossa intervençom podes lê-la aqui: http://aguaslimpas.blogspot.com/2008/11/fotos-do-acampamento.html). Nela explicou-se ao auditório as luitas de cada um dos colectivos e o trabalho em conjunto que estamos a levar a cabo dentro da plataforma “Galiza nom se vende”.


SOS Courel explicou como a sua comarca está a se vender aos interesses privados e empresariais coa cumplicidade dos políticos e co desconhecimento geral d@s galeg@s. SOS Courel explicou os interesses agachados trás dos incêndios e as relaçons entre a criaçom de pistas e as prácticas de caça no Courel. Também insistiu SOS Courel na destruiçom que está a provocar o desarrolhismo coa criaçom de canteiras de lousa coa escusa da sempre cacarexada nestes casos de criaçom de “puestos de trabajo” que sempre significa pam para uns poucos hoje e fame para amanhá para tod@s. O despovoamento do rural e a falta de atençom ás necessidades reais desta comarca foi também motivo de análise por parte do porta-voz de SOS Courel.


SOS Grova fijo umha explicaçom geral da destruiçom inecessária que estám a provocar os parques eólicos no conjunto da Galiza e na Serra da Grova: A instalaçom destes parques nom atende ás necessidades no nosso povo já que nom se está a substituir esta energia pola nom renovável e nom se está a reduzir o consumo. A energia renovável nom é alternativa á nom renovável na Galiza. A implantaçom da energia eólica na Galiza só se explica polo crescimento das cifras macroeconômicas que leva implícito o capitalismo já que nom se esta a utilizar como substitutória às nom renováveis. O Plan eólico de Galicia nom está feito para as energias renováveis serem alternativas ás nom renováveis. Enquanto se constroem parques eólicos estragando os montes nom se desmantelam as térmicas nem se deixam de construir mini-centrais. Polo tanto, a energia eólica na Galiza nom é umha energia alternativa. Todo isto sem entrarmos a analisar que a Galiza é excedentária em produçom de energia eléctrica. No caso da Grova, a estes factores antes mencionados unem-se-lhe a ameaça de destruiçom dum rico património arqueológico de se chegar a construir o parque.


Das súas intervençóns de SOS Grova e SOS Courel tiramos umha conclussom em comum: O beneficio real dos proprietários e usuários do monte (pessoas e animais) vai ser ínfimo em comparaçom com o benefício tirado por gente alheia ao uso e domínio da terra ao longo dos séculos. Quem nunca se preocupou por ela nem tem mais interesse do que o temporal (enquanto os benefícios durarem) vam tirar umha grande vantagem. No entanto, estám a se perder para sempre valores ecológicos irrecuperáveis, que só se construíram depois de milhons de anos.


O porta-voz de
SOS Monteferro, Xosé Reigosa, foi o encarregado, a petiçom de AMAL, de fazer umha análise da situaçom global e a crítica á falacia do desenvolvimento sustentável coa que enchem a boca os políticos e que ninguém sabe muito bem o que significa mas que de momento na Galiza significou a escusa para a destruiçom. Cabe salientar que sempre que os políticos pretendem destruir umha parte do nosso território, utilizam essas duas palavras mágicas: desenvolvimiento sostenible e assi supom-se que a desfeita que vam fazer tem um alo de necessidade colectiva. Xosé Reigosa mostrou-nos que o desenvolvimento nom saberia ser nem durável nem sustentável porque os recursos da Terra nom som infinitos. Se se quer construir umha sociedade durável e sustentável, cumpre sair do desenvolvimento, e em conseqüência sair da economia que esta incorpora: O capitalismo.


A intervençom de Antom Lopes Valeiras por
AMAL estivo centrada numha análise global da destruiçom do território na Galiza mas também, a diferença dos colectivos convidados ao acampamento, centrado na necessidade das galegas do século XXI de sairmos do lazer enlatado comercial e de achegarmo-nos ao conhecimento e desfrute do nosso meio; do nosso país.


Na quenda de intervençons posterior, o debate derivou cara umha análise das dificuldades de viver nas zonas rurais do país polo abandono que impom o sistema de produçom capitalista das zonas nom industriais nem de consumo massivo e pola desconfiança da gente cara nov@s vizinh@s desconhecid@s.






2º Dia. Sábado 20 de setembro de 2008


O segunda dia de acampamento começou às 8 da manhá com alvorada de gaita para acordar @s montanheir@s e chamá-l@s ao almoço.


Sobre as 9 horas começamos o roteiro curto de 12 km para sairmos da Aula da Natureza da Veiga (lugar de acampamento no concelho de Sam Joam de Rio). Começamos a ruta da Fraga no lugar de Fondodevila face a Sam Miguel, passando primeiro por terras de cultivo (pequenas hortas) e logo por soutos e reboleiras até alcançar o val de Sam Miguel. Seguimos em direcçom a Valdonedo e subimos um pequeno tramo da Serra, antigamente agros de centeio que hoje se cultivam de novo em pequena escala.


Á nossa direita observarmos o canom do Rio Návia coas impressionantes penas de Rome e a fraga de Folenche. Toda vez no Seixo (aldeia dum só vizinho) pudemos observar: Cabeça Grande, Pena Trevinca, o Courel e os canons do Bibei e o Návia, assi como o povo de Návia, a central hidroeléctrica de Ponte Návia e o pântano de Monte-Furado.

Cruzamos o regato das Cabanas até a aldeia de Beje por um caminho feito polos rabanhos e regressamos polo caminho até o Alto do Seixo. De regresso passamos polos Sequeiros dos Ganadoiros e a Renxelosa.


Seguimos por um pequeno tramo da Via Nova (Astorga-Braga) até Guístolas para subirmos por umha antiga estrada até Mouruas (aldeia onde antigamente se celebrava a tradicional batalha de mouros e cristaos). Logo subimos até o agro da Abelheira para regressar polo caminho de Fontela até a Aula da Natureza.


A respeito da flora; atopamos abundantes soutos (castanheiros alinhados) que fôrom e ainda som aproveitados para castanhas e Madeira; e reboleiras
Quercus pyrenaica de diâmetro pequeno pola espessura do bosque.


De novo botamos de menos ter levado mais água como é habitual. É curioso que nom botamos em falta um bem tam necessário e com aceso doado no nosso dia a dia e logo o monte fai-nos conscientes do que verdadeiramente é indispensável e do pouco importante que som certas cousas de consumo habitual na nossa vida.


Na seguinte foto temos umha panorámica do cavorco que o rio Navea escava ao passo por Sam Joam de Rio, com o maciço de Maceda ao fundo:Na seguinte foto vemos azafrám silvestre, avondoso em todo o pais: Na seguinte foto vemos a pequena aldeia de Bexe quase pendurada sobre o rio Navea, que serpea até vaciar no Bibei à beira de Quiroga, descansando esta última ao abeiro do Courel:














Logo da chegada ao acampamento, pola noite, tivemos concerto e foliada com artistas convidad@s: pandereteiras, regueifeir@s, zanfonistas, gaiteir@s. A festa durou até a madrugada entre danças e cantigas.




Domingo 21 de setembro

De manhá tivemos noticia de que a casa do concelho de Sam Xoam de Rio amanhecera coa bandeira galega coa estrela no mastro na fachada principal e sem bandeira de Espanha.


O domingo fixemos um míni-roteiro de hora e meia para achegarmo-nos a zona de rapel. Alí dispugemos de duas vias, umha primeria de iniciaçom que já foi abondo alta (mais ou menos 12 metros de altura); e montou-se umha mais de 25 metros de caída vertical na beira dumha ponte para aqueles e aquelas valentes que se atreveram a passar por esse risco.


Pessoas que estiveram dispost@s a fazer o primeiro rapel fomos muit@s mas, o surprendente foi que a segunda via, na que se esperava que fossem 4 ou 5 pessoas as valentes pola altura e dificuldade da mesma, ao final animou-se muitíssima gente e deu-nos a hora de jantar com bicha para rapelar ainda à espera da sua quenda.





Quando voltamos, realizamos um último jantar de confraternidade com muitas menos pessoas que as que participamos nas actividades do sábado. Havia muita gente que tinha de marchar por ter umha viagem muito longa até as suas moradas.


A charla sobre como viver no monte galego de tarde serviu para colhermos consciência que as redes caciquis no rural som mais evidentes e impunes que no urbano. Também serviu para termos consciência de que ganhar a vizinhança e muito difícil por serem desgraçadamente em algunhas ocasións populaçom desconfiada das pessoas que podem chegar de fora ou com idéias de cámbio. No entanto, o debate estivo servido entre os prós e os contras da vida nas cidades e no rural.






X Acampamento de Verao

Como todos os últimos fins de semana do verao, reunimo-nos num par de jornadas de convívio, caminhadas, lezer e conversa, que servirá...