29 de maio de 2007

Marchas polas serras do Careom e o Bocelo


Marcha polas serras do Careom e o Bocelo

Nos pasados dias 2 e 3 de Junho, a Agrupaçom de Montanha Augas Limpas percorreu as serras do centro do país: os montes do Careom e do Bocelo, que contornam a comarca conhecida como ‘Terra de Melide’. Nesta ocasiom nom se fixo montanhismo de altura, pois estes montes som relativamente baixos (quase nom passam de 800 metros). Mas pretendeu-se conhecer a fundo umha comarca interior da que se desfruta grande parte da Galiza central. A um tempo que visitamos as serras, aproveitamos para denunciar a desfeita desta zona, por obra e graça dos parques eólicos e de todos os partidos institucionais que apoiam o produtivismo e o espólio energético. A cita para a saída foi às 15:00h do Sábado 2 no bar ‘Buraco’, no centro de Melide.

A nossa saída tivo um valor especial: há justo setenta e oito anos que umha secçom do Seminário de Estudos Galegos realizava umha marcha semelhante. Durante o verao de 1929, os Otero, Risco, Lois Tobio ou Cuevillas percorriam em três ocasions esta mesma terra. O objectivo desta instituiçom popular galeguista era fazer um cumprido estudo da comarca de Melide, favorecendo o conhecimento directo do país, e popularizando as suas riquezas. Um dos protagonistas conta-nos o estudo destas saídas:

A pe, polos duros camiños da montaña, nas tabernas da veiramar, nos mesóns dos feirantes, fumos descobrindo o noso pobo, cursando galeguidade. E, tamén, foron caíndo as muradelas da fachenda, do protagonismo, do afán polo descobrimento persoal e pola posesión escrusiva do dato, negras chatas da erudición miúda. As xeiras fixeron do Seminario unha Hirmandade.

Em 1933, a editorial ‘Nós’, do alcalde de Santiago Ánxel Casal, tirava do prelo ‘Terra de Melide’. Umha obra interdisciplinar que estudava a geografia, a história, a arquitectura e as tradiçons populares da zona. Assi diziam os editores:

O Seminario de Estudos Galegos seguindo a arela e o programa emprincipiado cop estudo da Terra de Deza, ainda en preparación, adicouse no correr do ano 1929 â Terra de Melide nos diferentes aspeitos (Xeografía, Arqueoloxía, Hestoria, Etnografía, Folk-Lore) que esixe o coñecimento d-unha rexión natural.
Foi escolmada a terra melidán pol-o seu recoñecido intrés arqueolóxico i hestórico e pol-a posición central na Galiza, ben que cumprindo un dos fins da nosa institución, todal-as rexións galegas terán de ser estudadas miudamente.

Como é sabido, o Seminário foi liquidado polos fascistas espanhóis em 1936, e a Galiza nunca recuperou a instituiçom. Ainda a universidade ‘galega’ abordou monográficos comarcais como estes para favorecer o conhecimento da Terra na nossa mocidade.

Geografia.

A Terra de Melide tem como centro a vila do mesmo nome. Está limitada ao norte polos Montes do Bocelo, polo leste polas serras do Corno do Boi, polo sul polas águas do Ulha de Ponte Ramil à desembocadura do Besonha, polo oeste polo rio da Perguiça, que divide esta comarca da de Arçua. A Terra de Melide tem unidade graças ao rio Furelos, que a atravessa por completo antes de desaguar no Ulha. Na Idade Média era conhecida como ‘Terra de Abeancos’.

O relevo desce, em geral, das abas do Bocelo e o Corno do Boi até o val do Ulha. Ao pé do Bocelo, o lugar de Castro Pedro está a 691 metros, e remata por baixar até 220 em Ponte Arcidiago, já no Ulha. Existem entom três tipos de relevo: montesio, chairo e acidentado, assi que se achega ao grande rio.

Conhecimos o vale superior do Furelos, que atinge as paróquias de Branhas, Paradela, Capela, Monte, Vilouride, Mangüeiro, Vilamor, Oleiros, Folhadela, Ordes, Gondolhim e Sam Salvador de Abeancos. Umhas pertencem a Toques, outras a Melide.

Na segunda jornada percorrimos os cumes do Careom. Esta serra, que anda polos 800 metros, é mais umha parte da dorsal galaica, que atravessa o país de norte a sul, e continua para abaixo nas serras da comarca de Chantada. Há um dito popular que demonstra o sentido geográfico da vizinhança: Faro, Farelo, Pico Sagro e Bocelo. Todos estes cumes, nessa mesma orde, podem ver-se da cima do Careom.

A zona tem vários castros conhecidos, como o Castro de Serantes, o Castro de Novela ou o Castro Pedro. Neste temos as melhores vistas de toda a bisbarra.

História.

Como na maior parte do território galego, estám mui presentes os restos do megalitismo. Proliferam as antas, monumentos funerários que som conhecidos também como ‘mámoas’, ‘medas’ ou ‘medorras’, e que sempre vinham acompanhadas de histórias da mitologia popular. Esta arquitectura, com a sua correspondente organizaçom social, desenvolveu-se entre o 6000 e o 2000 antes de Cristo. Os mais conhecidos som a Pena do Raposo, perto do Monte da Madanela, entre as paróquias de Meire e Oleiros (Melide). Já foi escavado nos anos 20 do século passado; e o Forno dos Mouros ou ‘a Mourujosa’, escavado nos anos 80. Situa-se em Castro de Lobos, paróquia de Paradela (Toques).

Também avondam os restos da cultura castreja. Dizia Florentino Cuevillas que poucas terras igualam na Galiza a Melide em densidade de castros. Esta cultura desenvolveu-se desde os finais do bronze (séculos IX ou VIII a.C.) até o I d.C., já em plena romanizaçom. O seu máximo desenvolvimento é na idade de ferro, e os estudosos do galeguismo decimonónico associárom-no com a civilizaçom celta. O mais conhecido de todos é o Castro da Granha. As escavaçons descobrírom que foi habitado desde o século VII a. C.

A história posterior de Melide vem ligada ao caminho de Santiago. Foi fundada pola afluência de viageiros, e o topónimo procede do latino ‘Mellitus’, que é o nome do possuidor do couto original em genitivo. A ignoráncia espanholista fizo com que o nome seja deturpado ainda em alguns ámbitos como ‘Mellid’.

Em 1320 a vila obteve o favor do arcebispo de Santiago Berenguel de Landoira, que dá permisso de erguer um castelo e muradelas e cobrar portádego. Também se concedem foros.

Em 1467, os Irmandinhos reunem-se nesta vila para decidirem em assembleia alçar-se contra Alonso de Fonseca e Sanches de Ulhoa. Derrubárom daquela as muralhas da vila e destruírom parte do castelo. Com as pedras derrubadas construe-se o ‘Convento de Sancti Spiritus.’

Em 1520, a nobreza leiga e eclesiástica galega, já castelanizada, reune-se nesta mesma vila para decidir dar ajuda a Carlos I, que tinha que enfrentar a revoluçom comuneira.

Já no século XIX, Melide sofre episódios bélicos como a guerra do francês ou as carlistadas. Pola sua orografia montanhosa, foi cenário da actuaçom de partidas integristas.

Com motivo da repressom de 1936, na Terra de Melide também se organizam destacamentos de guerrilheiros resistentes. Nesta zona e na de Arçua actua o ‘destacamento Santiago Álvarez’ da IV Agrupaçom do Exército Guerrilheiro da Galiza. O homem mais conhecido destas terras foi Ramón Rodríguez Varela, ‘Curuxás’. Nasceu em Toques em 1904 e participou do sindicato mineiro da CNT em Lousame. Trás o 36, faz-se guerrilheiro e trabalha com um grupo de homens vinculados no seu dia às sociedades agrárias e obreiras. A sua demarcaçom foi o Alto Ulha, Agolada e o Barbança. Colaborou com a IV Agrupaçom do EG e com os restos do ‘Grupo Neira’, um núcleo de fugidos sem direcçom política da costa norte da Galiza. O seu cadáver apareceu em Toques em 1967. Morrera de morte natural e fora agochado por algum velho colaborador.

O meio ambiente e a desfeita dos parques eólicos.

A Terra de Melide é umha zona de clima rigoroso, docificado na parte sul pola presença do Ulha. Sobrevive o bosque autóctone (como veremos na paróquia da Capela, onde conhecimos a igreja pré-románica de Sam Antolim) e predomina o monte baixo, que se utilizava no passado para apanhar o tojo para o estrume, e hoje fundamentalmente para ter o gado ceivo. As repovoaçons de pinheiro e eucalipto, além de apostar por um monocultivo empobrecedor contrário a um uso diverso do monte, estragárom parte da paisagem.

Como organizaçom nacionalista de defesa da Terra, pretendemos ver esta desfeita com os nossos próprios olhos e fazer umha boa reportagem gráfica para a denúncia. Passamos polo Couto da Andorinha, devastado polas obras, inçado de camions e gruas de grande tonelagem, e ‘protegido’ por guardas de seguridade privada que fam o trabalho sujo ao estado. Agora só faltava que polícia e guarda civil espanhola estivessem nos nossos montes…

Esse cume é vítima do chamado ‘Parque Eólico de Codesa’, construído por ‘Enel Uniom Fenosa Renováveis SA’. Os ladrons de sempre que estragam os rios agora vam polos montes, com apoio de todos os políticos. Este parque foi aprovado pola Junta em 2004. Atinge os concelhos de Toques, Melide, Sobrado e Boimorto. Vam erguer 55 aerogeneradores de 900kw de potência unitária. Cada moinho é equivalente, em altura, a um prédio de dez andares. Ante as eólicas, há que ter claro:

-Que nom fica nengumha serra da dorsal galega livre de parques. A última em cair foi a serra do Suído, com o apoio do BNG e o PSOE.

-A dia de hoje, os proprietários dos montes apenas recebem o 1% dos benefícios dos parques.

-Alguns países europeus (caso de Dinamarca) já proibiram a instalaçom de moinhos. A Galiza é a quinta produtora de energia eólica…do mundo! E a primeira do Reino de Espanha.

-A direcçom geral de meio ambiente da UE está a investigar a Junta por ilegalidades na construçom de parques. Nom servirá de nada, porque quem faz os informes (o governinho colonial) é o que comete os atropelos.

-Dos 29 espaços da rede natura galega, 15 estám afectados por parques eólicos.

-Desde que temos parques eólicos, segue a aumentar igual o consumo de energias nom renováveis. As térmicas poluem mais que nunca, e da Galiza sai hoje o 30% mais de merda ao ar que há dezassete anos.

-Os parques afectam as aves, o nascimento dos rios, os jazigos arqueológicos, a paisagem e a vizinhança que tem que viver ao seu carom. Alimentam a rede eléctrica espanhola e nom melhoram as redes locais. A energia vai para Espanha.

-Os grandes parques som o mesminho que as grandes hidroeléctricas: megaestruturas que roubam riqueza para que a energia vaia longe. O produzido nas centrais eólicas equivale ao que se perde no transporte energético no mesmo território.

-Quatro grandes companhias (Gamesa, iberdrola, fenosa…) condicionam os governinhos e o povo. Estas empresas querem evitar que cada concelho ou infraestrutura tenha o seu pequeño moinho e as suas placas fotovoltaicas para o abastecimento próprio: nom haveria perdas por transporte, ganharia-se autosuficiência, diminuiriam os preços do kilowátio.

-Estas pequenas infraestruturas, que som as que defende o ecologismo e as que combate a Junta, podiam instalar-se em polígonos industrais, vias de transporte, terrenos degradados, portos… lugares onde se produze menos, mas onde compensaríamos com aforro, eficiência e energia solar.

A soluçom estará quando umha Galiza independente seja dona dos seus recursos; e quando o nosso país abandone os mitos do ‘progresso’ o crescimento para a destruçom e o desenvolvimento para nom se sabe onde. Combatendo tanto a destruçom do poder político e dos grandes conglomerados empresariais, como um modelo de vida irresponsável baseado no esbanjamento e no desperdício.

Bota-te ao monte!
Defende a Terra!

2 de maio de 2007

Mobilizaçom do 6 de maio em Compostela




AMAL aderiu à mobilizaçom que dúzias de colectivos convocarom para o domingo, dia 6 de maio, na capital da Galiza. @s montanheir@s galegos som @s primeir@s em denunciar como os nossos cumes som ocupados por moinhos expoliadores de energia, como as nossas aldeias ficam a ermo ou com cortes de luz, como avança o monocultivo de eucalipto, como nom há alternativas de vida para as comarcas interiores, e como se fomenta que desconheçamos as nossas terras e a nossa riqueza em favor do consumismo enlatado. AMAL estivo presente no domingo em Compostela para dar a conhecer o seu ponto de vista sobre o processo de destruçom do País, e denunciar os maquilhadores desta situaçom e os colheitadores de votos.


Eis a nossa declaraçom:

BOTA-TE AO MONTE!
Há dous anos, um grupo de militantes nacionalistas constituímos a ‘Agrupaçom de Montanha Augas Limpas’: um projecto de conhecimento directo, desfrute e defesa da Terra, para @s galeg@s podermos fugir do círculo infernal trabalho assalariado-consumo compulsivo e lazer enlatado. Em cinco marchas polas nossas serras combinamos o labor formativo com a denúncia das infraestruturas agressivas com o nosso património e o nosso meio.

Para defender a Terra há que conhecê-la e querê-la. Nom nos avonda com o ambientalismo de gabinete que vive de enviar notas de imprensa enquanto o nosso mundo se desfaz em pedaços, ou as petiçons de ‘prudência’ a políticos que vivem de gestionar pracidamente a destruçom da Galiza. Há que defender sobre o terreno o que o poder nos rouba. Marchas polo monte com agitaçom e denúncia, recuperaçom de prédios abandonados para o lazer alternativo, apoio a colectivos vizinhais agredidos por empresas e políticos, grupos de formaçom e debate nas serras...som algumha das nossas tarefas.

Na Agrupaçom de Montanha Augas Limpas entendemos o ecologismo como parte dum projecto de emancipaçom nacional enfrentado ao capitalismo. O ambientalismo é incompatível com o ecologismo. Nom queremos pintar-nos de verde para seguir a viver como vivemos, embarcados na loucura da acumulaçom de bens e no desconhecimento da Terra. O ecologismo para nos implica a defesa da Terra; viver e relacionar-se com outras pessoas e com a natureza longe dos parámetros do consumo, individualismo e depredaçom capitalistas. O ecologismo nom é compativel co ambientalismo e coas súas medidas reformistas.
A defesa da Terra significa para nos fazer frente à violência e espólio sistemáticos que se exercem sobre os recursos naturais, económicos e identitários da Galiza.

Ambientalismo e ecologismo som dous termos incompatíveis. Os ecologistas proponhemo-nos substituir o modelo de sociedade baseada no consumismo capitalista com maquilhagem verde por outro fundamentado nun cámbio radical na estructura da sociedade.

O ECOLOGISMO É IMCOMPATIVEL CO CAPITALISMO.

Galiza está considerada actualmente pola própria UE como umha das regions com o seu habitat natural mais seriamente deteriorado, o que nom deixa de resultar paradoxal dado o seu baixo grau de industrializaçom. Como sabemos, muitas das agressons ambientais que sofre este país som consequência de projectos energéticos, industriais e de infraestruturas ao serviço do capital espanhol, mas também os processos de urbanizaçom e turistificaçom, a política florestal seguida, ou o erróneo tratamento dos resíduos som responsáveis directos da degradaçom do nosso meio natural. O poder político joga o papel de requalificar terras e criar novas bolsas de terreno urbanizável sempre que o demande o negócio imobiliário, mentres que a outra face da moneda se reflicte nas mais de 300.000 casas e vivendas abandonadas ou vazias espalhadas por todo o país, as mais de 500 aldeias que estám abandonadas e as 8.500 entidades de populaçom, o 25% do total na Galiza, que têm menos de 10 habitantes e ficarám desertas nos vindouros anos. Aliás, a populaçom diminui em muitas das áreas nas que construir é umha das prioridades políticas, embora a demanda ser inexistente. A situaçom do litoral, ameaçado ademais por dúzias de portos desportivos é agónica e sufre um deterioro fora do comum, como vem de denunciar recentemente a organizaçom ambientalista internacional Greenpeace. Vamos deixar em maos de profissionais da política e da corrupçom o futuro da nossa Terra?

CONHECE A TERRA PARA PODER DEFENDÊ-LA.

GALIZA NOM É UMHA MERCADORIA

4 de abril de 2007

5ª MARCHA. SERRA DO LAROUCO

Os passados dias 31 de Março e 1 de Abril as montanheiras e montanheiros da agrupaçom caminhamos pola Serra do Larouco, no Sul da Galiza, na comarca da Límia, numha marcha que se adentrou em terras portuguesas, para visitar o Larouco, o "Deus Larouco" como é conhecido na zona, o teito da Serra, que com 1528 m e a terceira altura de Portugal.

A Serra do Larouco é umha formaçom montanhosa que limita ao leste com a Serra do Gerês, da que a separa a Raia Seca, ao nordeste com a Limia, ao Oeste com o Vale de Monterrei e ao Sul co Vale de Monte Alegre, em Trâs-os-Montes. Esta Serra modelada em granitos e basculada pola tectónica tem o seu teito no Sul da Serra, onde no Larouco alcança 1528 metros de altitude. Na Galiza dominam o Bandeiro (1.028), O Arando (1.177), O Farelo (1.397) e O Cereiro (1.264).

A marcha partiu da Agra do Sol, justo na fronteira administrativa entre a Galiza e Portugal, por onde passa o antigo caminho que une Montealegre até Trandeiras, na Limia, um antigo caminho cheio de lendas do estraperlo, à beira do regato de Campelos.
Desde este ponto subimos as faldas do Larouco até o Outeiro do Crego, umha cimeira granítica onde se encontram uns gravados rupestres de temática geométrica, feitos quizá por comunidades camponesas assentadas neste território durante a época prehistórica. Desde este ponto divisamos a paisagem impresionante da fraga da Rousia e aos seus pés a aldeia de Monte Celo.


Seguimos o ascenso até as imediações do parque eólico, umha brutal agressom a estes montes, numha comarca caracterizada polas constantes agressões ambientais, apesar do qual conserva um património natural notável.
Em este ponto a nossa marcha parte em direcçom Sul, ascendendo entre repovoações de pinus radiata, até chegar a umha ampla meseta a umha altitude de 1400 m, que caminhando em direcçom Sul levaranos até o Larouco. Aqui a paisagem de montanha é impresionante. Os solos graníticos deixaram à supercfície grandes penedos transformados pela erosom em autênticas obras de arte, com as formas mais diversas e curiosas. O forte vento do Norte leva as nuves a toda velocidade por riba das nossas cabeças, com a impressom da sua proximidade.











Muito próximas ao "Deus Larouco", decidimos descer a montanha, polas previssões de tempo. Descemos cara o sudeste, salvando um desnivel de mais de 600 m, para fazer noite de acampada nas proximidades da aldeia de Santo André, umha fermosa aldeia de gentes muito amáveis, depois dumha pateada de mais de 7 horas.





O Domingo dia 1, a marcha sairá cara o ponto de partida. Caminhamos cara o Norte, deixando ao Leste a aldeia da Gironda, e começamos a subir nas proximidades do Penedo Redondo cara a cresta da serra. Já no alto (1200 m), divisamos de novo a aldeia de Baltar e começamos o descenso polas pistas florestais das faldas orientais do Larouco, até divisar a aldeia de Monte Celo, momento no que descemos até o vale, seguindo primeiro o percurso do Faramontaos e logo do regato da Rousia, até chegar a fermosa fraga de este nome, onde se encontra a aldeia da Rousia, abandonada a meados do XVII no contexto da guerra pola independência que Portugal travou com sucesso contra a monarquia espanhola. Os restos das antigas casas semelham a primeira vista os vestígios dum castro, que também abundam na comarca. Por este caminho encontraremos muitas testemunhas da mais interesante arquitectura popular, como os muinhos que aproveitam os regos da montanha, fornos comunais, fontes, pontes, petos de ánimas...

A LIMIA

A Serra do Larouco situa-se na comarca da Limia, umha comarca de algo mais de 800 qm2, situada ao Sul da Galiza e habitada por cerca da 24.000 habitantes, cumha populaçom muito envelhecida (50 anos de idade média) em continuo retrocesso devido a um processo migratório que nom cesa. A comarca tem perdido mais de 15.000 habitantes nos últimos 25 anos.
Geograficamente está conformada por umha extensa planície banhada pola bacia do rio homónimo, limitada ao Norte polas encostas da serra de Sam Mamede, ao Sul pola Serra do Larouco e a Serra da Pena. Nesta planície estava a maior lagoa da Península Ibérica, a lagoa da Antela, de 42qm2, que aumentava consideravelmente de tamanho na época da chuva. O valor da fauna desta lagoa era incomparável: dúzias de especies anátidas tinham lá um rico ecosistema dificilmente igualável na Galiza, dada a escasseza deste tipo de conjuntos naturais. A ignoráncia e a cobiça levarom às autoridades fascistas a proceder à sua dessecaçom no ano 1958, obviando a sua riqueza natural e argumentando que as lagoas eram perigosas fontes de epidemias para a populaçom limiá, mas o que escondia este atentado ecológico era um irracional e infrutuoso projecto de exploraçom agrícola desenhado por tecnócratas do régime, totalemnte alheios a realidade económica e social da comarca.
O processo de desecaçom foi de quatro anos, após os quais se começou a produzir batata nas terras que ocupava a antiga lagoa, com um rendimento notavelmente inferior ao esperado, polo qual, já na era Fraga, entre os anos 92 e 98, consumou-se a segunda parte do terrível atentado ecológico. Nestes anos realizarom-se os trabalhos dumha "concentraçom parcelária" brutal, que afectou por volta de 30.000 hectáreas numha comarca na que o espaço florestal ocupava 63% do terreno, e que conseguiu converter aquele paraiso natural num páramo coberto de campos de cultivo, que estám hoje num estado de semi-abandono, já que, paradoxalmente, estes trabalhos de concentraçom coincidírom com o início dumha funda crise no sector da pataca, que hoje esmorece sem remédio. A estruturaçom tradicional das terras, divididas por sebes formadas por vegetaçom de ribeira (salgueiros, amierios e vidoeiros), foi eliminada de raiz, e as massas florestais fórom taladas para ampliar a extensom das terras, motivando a desapariçom do habitat natural de muitas espécies animais. Aliás, vários trechos de rios e riachos fórom canalizados com betom, impedindo a oxigenaçom das águas e o normal desenvolvimento da fauna palustre.
Numerosas associações ambientalistas e colectivos sociais da comarca, unidoa na Plataforma contra a desertificaçom, denunciarom os efeitos sociais e ambientais destas actuações, e o acontecido na Limia foi colocado como efecto paradigmático de contra-reforma agrária. A própria populaçom, apesar das tradicionais manobras do caciquismo identificando progresso com destruiçom, foi consciente das negativas consequências desta política agrária e facilmente podemos escuitar na actualidade os lamentos de lavradores e lavradoras ao serem perguntados polos efeitos da desecaçom e da concentraçom parcelária. Paradoxalmente o abandono das terras que referimos está a ser o factor fulcral na hora de recuperar as antigas florestas, que muito devagar, parecem colonizar de novo as terras perdidas.
Umha outra agressom ambiental pressente na comarca, dis respeito à proliferaçom descontrolada de explorações areeiras que ameaçam as veigas que circundavam a lagoa e que hoje formam pequenas zonas húmidas que acoutam as colónias de aves mais valiosas que ainda se conservam. Destacamos polo seu valor as veigas de Ponte Linhares e as da Sainça e Congostro, na parte meridional da antiga lagoa, e que nom por acaso som das poucas que nom forom afectadas polos trabalhos de concentraçom das terras.
Umha última mençom a outra agressom ambiental diz ao respeito do expólio energético do País, com o que chamam energias "verdes". Com esta ladainha das energias "renováveis" e "limpas", estam-se argumentando terríveis agressões aos nossos montes com parques eólicos que trazem consequências incalculáveis sobre a fauna das montanhas, assim como sobre toda a flora afectada pola apertura de pistas florestais, desvio de mananciais, etc.
O Larouco caracteriza-se por umha rica vegetaçom autóctone na que predominam os carvalhos, rebolos, bidueiros e amieiros nas fragas do vale, e na montanha o monte baixo, de uzes, tojos, giestas e carqueijas. Este é o resultado da acçom do lume durante anos sucesivos, que tem arrassado as partes mais altas da serra, e onde está a ser repovoado maciçamente com pinheiro silvestre e pinus radiata. Também podemos olhar diversas rapinas comuns nas montanhas galegas da metade oriental como o minhato, o açor e, mais escasa, a gata fornela, numha zona onde também abundam o jabali, o teixugo e as doninhas.

RESENHA HISTÓRICA

O COUTO MISTO

Conhecia-se como Couto Misto a um antigo território autonomo que se asentaba entre os actuais concelhos de Calvos de Randim e Baltar. O Couto Misto estava constituído polos lugares actuais de Santiago, Rubiás e Meaus, tendo unha superficie aproximada de 27 qm2. Na actualidade o lugar de Santiago e Rubiás pertencem ao Concelho de Calvos de Randim, mentres o de Meaus pertence a Baltar. A populaçom, en opinión de Madoz no ano 1845, podía cifrarse em 200 vecinhas, equivalentes a uns 800-900 habitantes. Até o Tratado de Lisboa de 1868 cada vecinh@ elegia livremente a nacionalidade espanhola ou portuguesa.
Aínda que historicamente nom existem documentos que acreditem a origem da instituiçom, sabe-se que o Couto nasceu ligado ao Castelo da Piconha, vencelhado co tempo à Casa de Bragança, na Baixa Idade Media (século XII). Em 1518, por causa dos enfrontamentos entre as gentes de Barroso e Randim, os habitantes do Couto procurarom apoio no Conde de Lemos, que se mantería até o fin do Couto.
En 1819 asinou-se, no adro da Igrexa de Santiago, un documento no que se reconheciam os privilegios do Couto e se ligava à Casa de Bragança e á diócese de Ourense. En 1851 formou-se a Comissom Mista que tería que dirimir os limites entre os dous estados. En 1864 asina-se o Tratado de Límites e Espanha entrega a Portugal os tres Pobos Promíscuos (Soutelinho da Raia, Lama de Arcos e Tourém) a cambio dos que constituiam o Couto Misto. Na acta final de fixaçom de fronteira, assinada en 1906, recoñécense terreos de pasto misto, entre os marcos 130 e 137, de aproveitamento comum.
Entre os direitos e privilegios máis representativos sinálam-se o de asilo (para os fugidos da justiça hispana e lusa), o de nom dar soldados, a isençom de impostos, a liberdade de comercio, (como o sal, produto estanco ata 1868), liberdade de cultivos como o tabaco e outros mais. Para exercitar ditos privilegios, no tocante ó comercial, dispunham dum caminho imune a acçom dos guardas da fronteira. Este caminho comunicava o Couto coa vila portuguesa de Tourém, atravesando terras galegas de Randim num percorrido duns seis quilómetros.

A originalidade deste enclave foi a de manter a súa propia organización, desvencellada das coroas portuguesa e española, e danos umha ideia da arbitrariedade da fronteira estabelecida entre os estados espanhol e português.

A GUERRILHA ANTIFRANQUISTA

A Guerrilha antifranquista foi muito numerosa e activa nas terras da raia seca, contando com a solidariedade e o apoio das e dos habitantes do outro lado da raia. Umha destas demonstrações de irmandade foi a solidariedade das habitantes de Cambedo, que desembocará numha batalha.
Entre os dias 20 e 22 de Dezembro de 1946 a aldeia de Cambedo, antigo povo promíscuo pertencente a Chaves e vizinho de Oimbra, foi submetida a um terrível assédio por parte de efectivos armados portugueses e espanhóis com a intencionalidade de apressar três guerrilheiros galegos que se refugiavam na aldeia. Tratava-se do capitão García, de Juan e de Demetrio. Juan, homem querido na zona e idealizado depois da sua morte, morre no assalto. O capitão García, suicida-se. Demetrio é capturado e julgado por um Tribunal Militar Português, sendo preso no cárcere de Tarrafal (Cabo Verde e Lisboa) até que é libertado em 1965, marchando à França, onde morre. Numerosos vizinhos desta pequena aldeia conhecerão presídio por ter acolhido os seus vizinhos galegos, lutadores antifascistas, sem que houvesse no seu acto uma intencionalidade ideológica. Somentes eram solidários com aqueles que sofriam a sem-razão da repressão fascista

19 de março de 2007

AMBIENTALISMO E DEFESA DA TERRA NA GALIZA

INTRODUÇOM

A finalidade que este texto persegue, é reflectir e debater sobre a grave crise ambiental que esta pequena naçom leva a padecer de jeito permanente desde que Espanha decidiu acometer o assalto aos seus recursos naturais cumha exploraçom intensiva e irracional, e que hoje, provavelmente, viva o ponto mais álgido da sua história, posto que nunca a situaçom ambiental nem a magnitude das agressões que está a sofrer o meio foram tam graves como na actualidade. Aliás, a crítica ao modelo desenvolvimentista e destrutor que impõe o capitalismo, a crítica da industrializaçom irracional, do crescimento económico como modelo de progresso sustentável e viável, e dos valores de consumo deste sistema económico, som alguns dos aspectos mais importantes sobre os quais também se pretende analisar em relaçom aos nefastos efeitos que tem sobre o meio natural, sobre a nossa Terra. A busca dum outro desenvolvimento, próprio e autóctone, respeituoso com a natureza e verdadeiramente sustentável, innovador, original e afastado de todos os modelos económicos que até o de hoje têm usado os recursos naturais do planeta coma se dumha mina inesgotável se tratar, é com toda segurança o perpianho básico sobre o que construirmos um pais e um mundo realmente habitável para nós e para as vindouras gerações, assim como umha sociedade mais justa e defensora duns valores realmente revolucionários e radicalmente opostos aos do capitalismo voraz que hoje triunfa, e que ameaça com devorar o nosso país e o planeta inteiro.

O MEIO NATURAL GALEGO

Quando afirmamos que o meio natural galego é especialmente rico e diverso, nom estamos a fazer nemgumha afirmaçom desmesurada ou inconsistente, produto dumha suposta idealizaçom do nosso meio natural, pois esta circunstância obedece a umha muito afortunada confluência de factores climáticos, geológicos, orográficos, biológicos e também humanos de grande singularidade. Estas singularidades polas que o nosso território se distingue som, nalgumha medida, fruto dum especial assentamento geográfico e latitudinal. Climaticamente, a Galiza situa-se numha encruzilhada de influências, pois supõe o limite meridional do mundo euro-siberiano e, por volta, recebe polo Sul, e especialmente polos vales do Minho e do Sil, elementos nitidamente mediterrâneos que som o motivo polo qual o nosso país, conta cumha variabilidade tam grande de ambientes climáticos, tanto a nível de precipitações como de temperaturas. Orograficamente, o relevo galaico é muito acidentado, alternando uma valiosa sequência de montanhas e vales e outras formações excepcionais como as rias, que no seu conjunto formam umha paisagem heterogénea e diversa. A nossa riqueza biológica, faunística assim como florística, é também notável, constituindo em muitos casos o limite de distribuiçom de muitas espécies ou possuindo endemismos que raramente podemos topar fora da Galiza. Por último, há que fazer referência à dispersom geográfica dos assentamentos galegos, mais de 35.000 segundo cálculos oficiais que nom recolhem todos os núcleos existentes, que configuram umha paisagem intensamente humanizada e representam um sinal inequívoco da estreita relaçom que este povo mantive, e ainda mantém, ao longo da sua história com a Terra que habita, e que frutifica numha paisagem rural característica, peculiarizada por um diversificado mosaico complementar de superfície florestal, prados e cultivos entretecidos por sebes vegetais que contornam campos, trilhos e regatos dum jeito harmónico. Por estes motivos, podemos afirmar com todo fundamento que o património natural galego é dum valor excepcional, assim como todo o património etnográfico e cultural tecido ao redor das relações do povo galego com o seu meio natural, e sem dúvida constitui, junto com a forma de assentar-se no território e as formas de organizaçom das relações sociais, um dos elementos mais característicos na conformaçom dumha identidade nacional diferenciada. Aliás, apontar que, como suporte dos processos económicos, sociais e políticos que incidem na evoluiçom da sociedade e dos seus meios de vida, o espaço físico material dum país nom é um elemento passivo e receptor de processos, como têm defendido na Galiza correntes de esquerda supostamente marxistas, mas na realidade é o próprio cerne desses processos. Considerar o espaço físico galego como património parelho à própria subsistência de Galiza como naçom, é necessário para recuperar umha lógica actuante baseada no respeito em todo aquilo referido à vertebraçom do território.

DEPENDÊNCIA NACIONAL E CRISE AMBIENTAL

Durante séculos e aproximadamente até a década de 1940-50, o uso dos recursos naturais por parte d@s galeg@s tinha produzido transformações certamente limitadas sobre a dinámica dos ecosistemas, fruto do estabelecimento dumha economia de base orgânica valedora dumha cultura e dumha identidade que recolhia e codificava os conhecimentos ambientais, e que funcionava aproveitando a necessária heterogeneidade espacial que impunha a complementaridade e integraçom de usos agrícolas, pecuários e florestais, o que fazia possível o funcionamento dum sistema agrário nom intensivo. Este uso múltiplo do território constituía, aliás, umha estratégia de diversificaçom dos riscos inerentes à variabilidade climática ou social, e as comunidades paroquiais possuíam, em quanto núcleos básicos da organizaçom social, umha visom sobre o aproveitamento dos factores produtivos muito diferente, tanto a nível económico como social e ecológico, à do capitalismo explorador que Espanha começou a introduzir de jeito planificado nesta época.

Desde que Espanha começa a assentar o seu projecto de dominaçom e aproveitamento dos recursos naturais da nossa Terra, este modelo de relaçom harmónica entre populaçom e território, de conservaçom da natureza e desenvolvimento auto-gestionário, começou a sofrer um processo acelerado de destruiçom e mudança por um outro sistema baseado na rapina e no esbanjamento intensivo dos recursos naturais para benefício dos grupos dominantes do incipiente capitalismo espanhol. Desde esta etapa, a Galiza vive numha crise ambiental permanente de grande magnitude, que se foi agudizando com o passo do tempo e a introduçom de novas tecnologias que facilitaram maiores facilidades para o espólio dos nossos recursos, e que provavelmente passa hoje polos momentos mais dramáticos da sua história. A intervençom espanhola nos últimos 40 anos tem suposto uns desequilíbrios, uns custes sócio-ambientais e umhas agressões de tal magnitude, que umha parte importante da nossa riqueza tem sido já dilapidada em aras dum “progresso” revestido de cimento, alcatrám e poluiçom. Espanha acelera nos últimos anos a destruiçom do espaço físico em que se insirem as nossas vidas, procurando a modificaçom definitiva dos nossos espaços identitários referenciais, porque para @s galeg@s cada paisagem, cada outeiro, cada fraga, forom sempre um ponto referencial para a comunidade no seu conjunto, e polo mesmo elementos centrais da memória colectiva do povo que conformam um factor identitário de primeira ordem.

Galiza nunca deixou de representar na ideologia e na consciência social espanhola, umha terra afastada e indómita, inacessível e de geografia difícil, definida com adjectivos do tipo de “tierras bárbaras, sitio inmundo con montes que llegan hasta los cielos y con nieblas permanentes”, como se desprende dos relatos de viageiros espanhóis. Frantz Fanon na sua obra “Os condenados da terra” exprime à perfeiçom o significado e a interpretaçom que para os colonizadores tem esta natureza indomável: “A natureza hostil, agreste, profundamente rebelde está representada efectivamente nas colónias pola selva, os mosquitos, os indígenas e as febres. A colonizaçom tem sucesso quando toda esta natureza indócil é por fim dominada. Caminhos de ferro através da selva, dessecaçom de pântanos, inexistência política e económica da populaçom autóctone, som em realidade umha e a mesma cousa”, fazendo referência às palavras dum governador francês em Argélia: “A esses seres humanos que obedecem cegamente às leis da natureza há que opor quadros estritos e implacáveis. Há que domesticar à natureza nom convencê-los”. Com certeça, este é o modelo que se leva a aplicar na Galiza desde os últimos 60 anos, de jeito que para conseguir a uniformizaçom e a identificaçom do povo galego com o projecto nacional espanhol destruem-se espaços e recursos naturais de referência colectiva e de funda identificaçom identitária para ser substituidos por infraestruturas representativas do domínio absoluto e da autoridade do poder colonial invasor ( recomendamos umha visita aos Peares, como ilustraçom mais gráfica desta realidade). Paralelamente, esta presença tam destacada da natureza, da paisagem, da Terra, na forja dumha identidade colectiva tam diferenciada como a galega, foi inoculada de todo o seu potencial subversivo através dos esforços realizados por identificar esta força natural tam poderosa com a imagem dumha Galiza verde e bucólica que dorme no seu sono prazenteiro à espera dumha morte anunciada.

Esta intervençom da que estamos a falar contou cumha muito estudada planificaçom, e o primeiro passo para a sua efectivizaçom foi, logicamente, a estruturaçom e domínio efectivo do nosso território segundo os seus interesses. Deste jeito, com o trunfo do liberalismo espanhol, acometeu-se em 1833 umha reforma administrativa de grande envergadura inspirada no jacobinismo centralista francês, com a que simbolicamente Galiza desapareceu do mapa. Eliminou-se a entidade unitária do antigo reino da Galiza e as unidades de organizaçom social próprias de este país, a paróquia e a comarca, que forom substituídas por 4 províncias com as suas respectivas deputações como órgaos de poder, e municípios arbitrários, com o objectivo de assegurar-se um perfeito controlo e domínio sobre todo o território, aliás de amputar-nos formalmente a faixa leste que passou a integrar-se na Espanha. Tratava-se de eliminar as agudas particularidades e feitos diferenciais que caracterizavam a este povo, e eliminar toda forma residual de poder feudal e autonomia local com o objectivo de cobrir as necessidades do estado-naçom unitário e homogéneo que daquela nascia.
PRINCIPAIS AGRESSÕES À NATUREZA NA GALIZA. A RESPOSTA POPULAR

Galiza está considerada actualmente pola própria UE como umha das regions com o seu habitat natural mais seriamente deteriorado, o que nom deixa de resultar paradoxal dado o seu baixo grau de industrializaçom. Espanha viola constantemente na nossa Terra os princípios fundamentais recolhidos na Carta Europeia de Ordenaçom do Território, na qual se indica que “ o homem e o seu benestar, assim como a sua interacçom no meio ambiente, som o centro das preocupações na ordenaçom do território(...). O controlo do espaço deve evitar que os princípios que intervêm na sua organizaçom, estejam determinados exclusivamente por objectivos económicos a curto prazo, sem ter em consideraçom os aspectos sociais, culturais e ecológicos, procurando que nom seja a irracionalidade a que guie o uso do território, pois a actuaçom(...). Devem-se adoptar modelos de actuaçom que procurem umha utilizaçom racional do território, porque existe umha lógica espacial que em cada actuaçom nos indica as alternativas mais racionais e melhor orientadas ao bem da sociedade e ao equilíbrio territorial”. A nossa condiçom de colónia tem muito a ver com que nem as próprias recomendações europeias se apliquem o mais mínimo na Galiza.
Como sabemos, muitas das agressões ambientais que sofre este país som consequência de projectos energéticos, industriais e de infraestruturas ao serviço do capital espanhol, mas também os processos de urbanizaçom e turistificaçom, a política florestal seguida, ou o erróneo tratamento dos resíduos som responsáveis directos da degradaçom do nosso meio natural.
A continuaçom imos resenhar os principais processos que estám no cerne da destruiçom e degradaçom do nosso meio natural:

1- Política energética: Galiza foi confinada por Espanha a converter-se numha reserva energética capaz de abastecer a crescente demanda dos seus centros económicos e de poder. Actualmente a Galiza produz muita mais energia da que consome, aliás de que umha outra parte importante desta energia é consumida polas indústrias de enclave instaladas no nosso país. As principais técnicas de produçom eléctrica introduzidas na Galiza som enormemente lesivas para com o meio ambiente. Precissamente, a desertizaçom de umha boa parte do nosso território era necessário para desenvolver a nova política energética vendida hipocritamente como limpa, pois sem gente, sem comunidade, sem moç@s que aportem energia vital e dinamismo, sem interesses que defender, grande parte do país é um ermo fecundo para que os grupos energéticos imponham a sua lei sem apenas contestaçom e pressom social. Vexamos as consequências umha por umha:
-Energia hidroeléctrica: Sector chave da economia espanhola na Galiza, monopolizado quase exclusivamente por Unión Fenosa. Galiza conta com mais de 40 grandes barragens e dúzias e dúzias de minicentrais hidroeléctricas, nom polo eufemismo menos lesivas, e produz quase o 30% da produçom hidroeléctrica estatal, exportando quase o 40%. O plano energético autonómico para as duas próximas décadas aponta a necessidade de construir 20 barragens mais e umhas 90 minicentrais!. Já na actualidade os rios galegos suportam umha sobre-exploraçom energética, com uns efeitos ambientais brutais: alagamento dalguns dos mais férteis vales (Castrelo de Minho) e incluso núcleos de populaçom inteiros (Porto Marim); destruiçom dos bosques ripários dum grande valor ecológico para a conservaçom da diversidade biológica; perda de riquez faunística polas dificuldades que suponhem os grandes muros das represas para a actividade biológica de muitas espécies (salmom, lampreia ou truita) ; variações climáticas (aumento de brétemas, humidade).... A situaçom dos rios galegos galegos é dramática, pois se muitos dos grandes cursos fluviais já foram agredidos e deteriorados no passado, som os pequenos rios que ficaram relativamente à margem da exploraçom energética, os que ainda conservam verdadeiros tesouros ecológicos nas suas margens e nas suas águas, e que esta nova vaga construtiva pode levar a sua perda definitiva.
-Energia eólica: Este é um sector de implantaçom recente, posto que o primeiro parque eólico instalado data de 1995. Desde aquela, as serras e cordais galegas tem invadidas literalmente por extensos parques de consequências nefastas para estes ecosistemas que, em muitos dos casos, tem sido destroçados dum jeito irreparável( abertura de pistas, impacto paisagístico e visual, degradaçom da fauna...) como no caso da Serra do Candám ou do Gistral, espaços de grande valor e bem conservados até a invasom dos eólicos. Aliás, estám-se a desenhar os primeiros modelos de parques eólicos marinhos ou offshores para a Costa da Morte, de efeitos na fauna todavia sem estudar.
-Energia térmica: Galiza conta com quatro centrais térmicas no seu território (Meirama, Sabom, Pontes e Toral dos Vaus). As duas últimas som as mais poluintes do estado espanhol e emitem quase o 40% de dióxido de sofre do total estatal, responsável das chúvias ácidas, aliás de contribuírem ao efeito estufa e danar a vegetaçom. Também, no processo de extracçom do mineral, estas industrias alteram o solo e a paisagem, alteram os leitos subterráneos e criam umha paisagem lunar característica no caso do lignito.A eléctrica espanhola ENDESA e, de novo, FENOSA tiram grandes rendimentos económicos a costa da saúde do povo galego.
Fazer referência também à agressom ambiental que supom a instalaçom da planta regasificadora de REGANOSA na Ria de Ferrol, que seguramente será seguida por outros projectos de FENOSA. Resulta escandaloso que a tendência na Galiza é a de seguir aumentando a produçom eléctrica sem limite algum, posto que o auge das hipocritamente chamadas energias limpas nom está a trazer o desmantelamento das centrais térmicas existentes.

2- Política agro-florestal: A oligarquia espanhola, com a inestimável ajuda das redes caciquís locais, veu defendendo tradicionalmente a ideia de que a sociedade rural é incompatível com o desenvolvimento e o progresso polo que sobra populaçom dedicada a labouras agropecuárias e marinheiras, populaçom que deve ser reorientada face o sector serviços ou, no pior dos casos, forçada à emigraçom. Com certeça, o processo de desertizaçom tam dramático que estám a sofrer extensas áreas do interior galego, que quebra a tradicional relaçom tam estreita entre povo e Terra, supõe deixar milhares de hectares de terreno em maõs do destino que lhe queiram dar os especuladores do monte, ao nom ficar quem defender um sistema produtivo cujo funcionamento era o garante da sustentabilidade e protecçom do meio natural. A usurpaçom da propriedade, num início, e posteriormente do aproveitamento do monte comunal à vizinhança por parte dos concelhos e as deputações provinciais desde finais do século XIX, está no cerne da destruiçom e imposibilitamento do desenvolvimento da actividade agrária no campo galego e na progressiva conversom dos nossos montes, veigas e terras de cultivo em grandes monocultivos de eucaliptos e coníferas ao serviço de ENCE e a sua filial dedicada à gestom das plantações NORFOR, e FINSA, LOSAN e demais grupos económicos do sector madereiro. O empenho em isolar as actividades agrárias das actividades florestais por parte das instituições espanholas, acompanhado do uso da violência para favorecer o êxodo das comunidades camponesas das suas terras face a emigraçom e/ou os núcleos urbanos, foi aproveitado polas celuloses e as madeireiras que rapidamente adquirírom os montes usurpados para a implantaçom dos usos florestais adequados aos seus interesses económicos curto-prazistas, que tanto dano tenhem causado aos nossos montes e que tenhem como conseqüência a hipertrofia da superfície florestal galega, que se achega na actualidade quase que ao 70% do total do território, devido à grande extensom de hectáres ocupadas polas plantações de coníferas e eucaliptos, que implementam a destruiçom dos nossos bosques caducifólios autóctones, como conseqüência de múltiplos factores condicionados por esta errónea política florestal. Hoje o eucalipto ocupa já umhas 400.000 hectares de terreno na CAG numha franja costeira de Návia até a Guarda que cada vez penetra mais face o interior, o 30% do total de superfície arvorada, e as coníferas perto de 600.000 hectares, o 40% do total arvorado, polo que somente o 30% restante de superfície arvorada corresponde a bosques e formações vegetais autóctones, que ademais sofrem um deficiente estado de conservaçom, e em muitos casos, estám misturadas com as espécies de crescimento rápido anteriormente citadas. Conhecidos som os efeitos dos monocultivos, especialmente do eucalipto, sobre o monte: desertizaçom e dessecaçom dos cursos de água, tendência à propagaçom dos lumes e rápida regeneraçom após os mesmos, perda de biodiversidade e da riqueza orgánica dos solos, invasom de outros terrenos ocupados por florestas autóctones, impacto visual e paisagístico negativo...
Ao falarmos de abandono do agro, de monocultivos e de especuladores, estamos já a referir-nos a um dos piores fenómenos de efeitos catastróficos da Galiza contemporánea: os incêndios florestais. Mais do 50% do território nacional, à roda de 1.800.000 hectares, têm sido arrasadas polo lume desde 1972, ano a partir do qual o fenómeno adquire proporções brutais, até a actualidade, produzindo-se mais de 150.000 incêndios. Alguns dos bosques ou dos espaços naturais de maior valor ecológico do país têm-se visto ou afectados ou completamente calcinados polas lapas. Ano após ano ardem entre o 25% e o 50% das hectares queimadas no total estatal, que variam desde as 5.000-10.000 em anos benévolos ou chuviosos, até cifras apocalípticas como as 200.000 arrasadas na CAG no ano 1989. Às causas estruturais já conhecidas ( abandono dos montes, negócio com a madeira queimada, ausência de qualquer tipo de medida preventiva, introduçom e expansom de espécies pirófitas...) une-se umha política de profissionalizaçom da luita contra o lume, que conta cumha enorme maquinária montada ao redor da extinçom e que gera um contingente de pessoas, sobre todo no rural, que vivem directa ou indirectamente dos incêndios, o que impossibilita a resoluçom deste fenómeno e contribui a cronifica-lo. É evidente que se o meio de vida de tantas pessoas é a extinçom de lumes, tem que haver incêndios para justificar essa demanda, criando-se assim umha economia política do lume de carácter crónico. As consequências do fenómeno som gravísimas: perda de matéria orgánica (um dos piores efeitos dos incêndios produzem-se precisamente no outono quando com a chegadas das chúvias, centos de toneladas de matéria orgánica som arrastadas aos leitos dos rios e ao fundo do mar) que traz parelho o problema da desertizaçom que começa a afectar a um 10% do território nacional; erosom dos cumes das montanhas deforestadas; aniquilaçom da vida animal de numerosas espécies; proliferaçom de espécies invasoras (mimosas, eucaliptos...).
Como consequência directa destes dous factores, a situaçom dos bosques autóctones naturais ou semi-naturais é hoje dramática pois, embora ter aumentado a sua superfície ( algo mais de 400.000 hectares) nos últimos anos pola colonizaçom dos campos de cultivo abandonados e a um menor impacto e maior resistência ao lume, o seu estado de conservaçom é mau e o seu valor menor pola fragentaçom, isolamento e intervençom humana a que se vem sometidos, aliás de concentrarem-se principalmente na zona central e oriental do país.
Nom se pode rematar este apartado sem fazer referência aos efeitos destrutores dos trabalhos de concentraçom parcelária que se realizam na Galiza. A própria estrutura agrária tradicional, que combina usos nom intensivos e se baseia no policultivo e no mini-fundio como modelo agrário de auto-consumo, está a ser destruida com a introduçom do latifundio. Justamente, mentres que se liquidam os sectores produtivos agro-pecuários, as autoridades autonômicas pretendem introduzir o modelo agrário industrial, que leva implícito o monocultivo de grandes dimensões, o uso indiscriminado de herbicidas e insecticidas resistentes à biodegradaçom, agressivos com os seres vivos, e empobrecedores do solo pola alta mineralizaçom qu suportam e, principalmente, a exploraçom intensiva que acaba por esgotar a capacidade produtiva do solo. Aliás, supõe a destruiçom dos elementos que definiam a paisagem agrária tradicional: talam-se as sebes divisórias das parcelas, que ajudavam a enriquecer e osigenar as terras, derrubam-se valados, de grande valor etnográfico, tala-se a superfície arvorada autóctone que fica dentro das terras que se pretendem explorar intensivamente, e canalizam-se, deforestam-se as beiras cimentadas rios e regatos que ficam assim incapazes de acolher vida no seu interior. Perde-se, em geral, muito da heterogeneidade fisionómica e ecológica da paisagem agrária tradicional, e com ela os seus altos valores estéticos, culturais e ambientais. Nalguns casos excepcionais, como o da Límia, o atentado ecológico alcança limites demenciais, ao dessecar a antiga lagoa da Antela, o maior e mais rico humidal da Península Ibérica, e converter as terras agrárias e as carvalheiras destruidas em enormes campos de batata ao pouco improdutivos e que tem convertido umha das áreas mais húmidas e de maior biodiversidade da Galiza num páramo hostil, pobre e com carências de água.

3- Industrializaçom e poluiçom: Resulta paradigmático que num país relativamente pouco industrializado e de vocaçom claramente agro-pesqueira embora o auge e o pulo experimentado face o sector serviços, o problema dos efeitos da poluiçom e dos resíduos industriais seja de grande relevância ambiental. O factor chave para entender-mos esta situaçom é a nossa condiçom de colónia, que tem servido para que nos últimos 30 anos se assentaram no nosso país umhas indústrias que, embora pequenas em número, representam qualitativamente umha peja importante no referido à poluiçom e resíduos gerados, tanto a nível nacional como estatal. Se às instalações de ALUMINA-ALUMINIO, ENCE, as térmicas e CITRÕEN, sumamos outras indústrias consideradas altamente poluintes como as refinarais de petróleo, as cimenteiras, as explorações canteiras e mineiras, ou as conserveiras, podemos concluir que no território galego gera-se umha notável poluiçom que supera a que nos corresponderia polo nosso nível de desenvolvimento económico industrial. Temos umha indústria que denominamos “de enclave”, aquela que, polos seus efeitos socio-ambientais e os problemas de conflitividade e as molestias que gera nas áreas afectadas, os centros económicos destinam para as áreas periféricas dependentes. Repasaremos brevemente os efeitos das principais indústrias e sectores industriais galegos deste tipo sobre o meio natural:
- ALUMINA-ALUMINIO: Esta factoria produtora de alumínio instalada na localidade de Sam Cibrão, na Marinha, foi objecto de grandes mobilizações para evitar a sua instalaçom, sendo atacadas as suas instalações polo E.G.P.G.C. É responsável pola emisom de lodos vermelhos que constituem o 85% dos resíduos tóxicos produzidos na Galiza, de grande impacto sobre as terras e os montes da sua área ao serem almacenados num grande depósito ao ar livre. Aliás, ela soa consume a impactante cifra do 38% do total da energia eléctrica que se produz neste país, quase a mesma quantidade que é exportada a Espanha.
-ENCE: Seguramente se trate da indústria mais contestada neste país, especialmente a sua factoria de Louriçam, porque cumpre clarificar que ENCE posue mais umha celulose e umha papeleira em Návia, na Galiza leste. É responsável pola poluiçom atmosférica por dióxido de sofre e mercaptanos de negativa incidência para a saúde humana, e pola poluiçom com mercúrio e matéria orgánica de toda a ria pontevedresa, que impossibilita a actividade pesqueira e cria malformações nas poucas espécies que sobrevivam. Aliás, consome também grandes quantidades de energia e umha quantidade de água equivalente a umha cidade de quase 500.000 habitantes
- REPSOL-YPF: A refinaria de Meicende, na Crunha, embora nom contar com mobilizações de rejeitamento como nos casos anteriores, causa graves trastornos ambientais, derivados dos vertidos de hidrocarburos ao mar, que suponhem o 14% do total de vertidos, e a emisom de monóxido de carbono, nitrógeno e dióxido de sofre à atmosfera. O passo de umha grande quantidade de petroleiros que venhem a deixar a sua carga nestas instalações, já sabemos que consequências periódicas têm para o nosso país.
- Cimenteiras, canteiras e areeiras: As canteiras de extracçom de granito, lousa e outros materiais esbanjam hoje os nossos recursos minerais dum jeito incontrolado e agredindo em muitos dos casos espaços naturais protegidos. Aliás, geram grande quantidade de cascalhos e resíduos sólidos sobrantes que som expulsados e acumulados face as beiras dos rios cum grande impacto para a qualidade das suas águas e dos eu entorno. As comarcas de Valdeorras e o Berço som as mais afectadas pola extracçom e tenhem as bacias dos seus rios, especialmente o Sil, seriamente deterioradas por cascalhos de lousa. Destaca também pola sua poluiçom a cimenteira de Oural , na comarca de Sárria, umha das fábricas mais poluintes do país. Em quanto à exploraçom de areia, repite-se a situaçom anterior, nom havendo controlo algum, o que provoca que algumhas empresas cheguem a extraer areia de parques naturais protegidos, como no complexo dunar de Corrubedo ou nas marismas de Baldaio.
Aliás, há que assinalar outros aspectos negativos relacionados com a industrializaçom, como a pésima ubicaçom de alguns polígonos industriais, que se assentam nuns casos sobre algumhas das melhores terras agrícolas do país, como o caso de Mabegondo, ou noutros destruem e degradam espaços naturais de interesse, como o polígono industrial do Porrinho, cuja expansom está danando irremediavelmente as Gándaras de Budinho, um humidal de grande valor ecológico e refúgio de muitas aves. Outro caso recente, é o projecto de polígono industrial na paróquia de Leixa, em Trás Ancos, que de levar-se a cabo destruirá umha das melhores e mais extensas fragas que ainda se conservam nesta comarca. Muitos destes casos tenhem a ver principalmente com manobras especulativas, pois existe umha grande quantidade de solo industrial desocupado e nom aproveitado no país, como é o caso do último exemplo que citamos em Trás Ancos, e a sua dispersom em pequenos parques municipais, como é a tendência actual, nom resulta rendível nem para as própias empresas, que prefirem a acumulaçom em espaços específicos de maior tamanho. Somente basta com botar umha olhada a muitos polígonos instalados em paróquias do interior galego, e que presentam um aspecto desolador de semi-abandono, mas cuja instalaçom tem servido para degradar áreas naturais a câmbio de nada.

4- Urbanismo e turistificaçom: É especialmente grave a impossibilidade de o nosso povo poder decidir numha área fulcral para umha correcta e racional ordenaçom do território, em quanto o entramado mafioso dos poderes locais e autonômicos junto com construtoras, imobiliárias e promotoras seguem a dominar em exclusiva a gestom dumha área tam lucrativa para os seus interesses. A fisionomia rural deste país está a ser modificada agressivamente pola política especulativa e a febre e as presas por construir sem o mais mínimo respeito polo entorno nem adaptaçom e harfmonizaçom com ele, todo o contrário, centos de urbanizações, chalés e outras construções agressivas com o ecossistema inçando outeiros, montes e, especialmente, toda a franja litoral da Galiza, modificando assim umha paisagem que tantos séculos de sforço colectivo custou construir. Este fenómeno resposta a formas de vida artificiais radicalmente opostas ao modus vivendi d@s galeg@s, e nom repara à hora de planificar e eleger o lugar da nova construçom no modo de vida tradicional do lugar nem nas uas condições geográficas, convertendo-se em critérios básicos a sua conexom rápida através de vias de alta capacidade e a cercania de grandes centros de abastecimento ou de serviços. O poder político joga o papel de requalificar terras e criar novas bolsas de terreno urbanizável sempre que o demande o negócio imobiliário, mentres que a outra face da moneda se reflicte nas mais de 300.000 casas e vivendas abandonadas ou vazias espalhadas por todo o país, as mais de 500 aldeias que estám abandonadas e as 8.500 entidades de populaçom, o 25% do total na Galiza, que têm menos de 10 habitantes e ficarám desertas nos vindouros anos. Aliás, a populaçom diminui em muitas das áreas nas que construir é umha das prioridades políticas, embora a demanda ser inexistente. A situaçom do litoral, ameaçado ademais por dúzias de portos desportivos é agónica e sufre um deterioro fora do comum, como vem de denunciar recentemente a organizaçoom ambientalista internacional Greenpeace.
Questom parelha é o processo de turistificaçom, em grande medida responsável do boom urbanístico, que depara para a nossa naçom o papel de área recreativa de massas para uso e desfrute da metrópole. Os touroperadores, agências de viagens, imobiliárias, cadeias hoteleiras e holdings do lazer som os instrumentos empregados para efectuar esta política..A turistificaçom é simultaneamente consequência e causa da destruiçom da nossa base económica e do nosso entorno natural. Consequência porque desde as instituições políticas do regimem contempla-se o turismo como a única soluçom dos graves problemas económicos, sociais e culturais que sofre a Galiza, e que eles mesmos criárom. E causa porque o próprio processo de turistificaçom multiplica as transformações negativas nas estruturas sociais e no meio nartural: olhemos Sam Genjo ou Sada como exemplos.

5-Infraestruturas: As infraestruturas de transporte jogam um papel decissório na configuraçom dum determinado modelo de estrutraçom territorial básico, e hipotecam grandemente as possibilidades de criar alternativas distintas de desenvolvimento socio-económico. A configuraçom por parte de Espanha dumha rede de infraestrututras viárias de matriz radial com centro em Madrid, que prima as viagens de longa distáncia e o emprego do automóvel e o transporto privado, tem consequências desvertebradoras e nefastas para o território, ao omitir-se a realidade geográfica do país e dos seus assentamentos. Para o capital espanhol, trata-se de vertebrar o espaço geográfico estatal para reforçar a consciência unitária espanhola, e também de agilizar os movimentos de mercadorias polas arterias do mercado económico. As infraestruturas de transporte ocupam solo natural, alteram o relevo e as margens fluviais, sobre-exploram recursos nom renováveis, agredem aos habitats sociais, fam perder a naturalidade paisagística, fragmentam, modificam e destruem ecossistemas, e aliás, determinam a forma dos intercâmbios urbanos e interurbanos, definem as zonas de crescimento ao fazé-las acessíveis e determinam o próprio meio de transporte. O povo galego foi obrigado a adaptar-se a este modelo de grandes infraestruturas, negando-se-lhe o direito a um modelo de desenvolvimento próprio que desse prioridade às comunicações diárias da populaçom e as acomodasse às necessidades de coesom e integraçom.
Um exemplo gráfico constitue-o a Autoestrada do Atlântico, começada em 1973 e rematada no 2003, que agudizou os desequilíbrios demográficos interior-litoral em favor de este último e serviu para delimitar as áreas metropolitanas que a Espanha lhe interessava estabelecer na Corunha e Vigo, como centros económicos nos que assentar o seu poder. Todas as actuações do Plan Galicia ( comboio de alta velocidade, conexom por auto-estrada e via rápida de todas as cidades e principais vilas) vam nesta mesma linha e constituem umha verdadeira maré negra de alcatrám que reportará imensos benefícios às empresas do sector como SACYR e DRAGADOS e danarám gravemente os ecossistemas naturais. Por último, assinalar também o apoio que este modelo de infraestruturas atopa na Galiza por meio da ideologia do progresso do cimento tam dada ao caciquismo: para superar o atrasso e progressar o que faz falta é asfaltar. Abrem-se pistas e novas vias e asfaltam-se trilhos e corredoiras sem saber mui bem o porquê nem para quê, o que conta é fazer e semelhar que o dinheiro se invirte e cria riqueza.

6- Gestom dos resíduos sólidos: Num país respectuoso e preocupado polo seu entorno, a alternativa prioritária de gestom dos resíduos seria a reciclagem dos resíduos sólidos inorgánicos como papel, plástico vidro ou cartom por umha parte, e a compostagem dos resíduos orgánicos para a sua conversom em matéria orgánica para o seu emprego no agro como adubo de óptima qualidade para terrenos degradados por outra parte. Mas a alternativa da Junta da Galiza e de SOGAMA, centra-se na acumulaçom de resíduos para proceder a ser incinerados na sua planta incineradora de Cerceda. Este modelo é economicamente esbanjador, em quanto omite a reciclagem como meio para a reutilizaçom dos resíduos inorgánicos para a fabricaçom de novos produtos e assim evitar ter que lhos extraer de novo à natureza, e é poluinte, pola emisom de substâncias químicas e cinsas à atmósfera. A realidade é que, de novo, topamos com os interesses de Unión Fenosa, que presiona para que se incinerem os resíduos orgánicos para assim produzir electricidade por combustiom. O modelo de reciclagem que nos vendem é umha falácia, pois ao final, na sua majoria, todo o lixo vai ser incinerado, polo que o principal sentido que tem é separar-lhe o lixo a SOGAMA para facilitar-lhe a operaçom. Esta realidade nom empece que defendamos a introduçom do hábito de separaçom de resíduos entre a populaçom para criar consciência sobre a importância da reciclagem e da compostagem, mas sendo conscientes de que estes processos, polo momento, apenas se levam a cabo na Galiza, exceptuando algumhas plantas de reciclagem e de compostagem concretas nalguns municípios, mas que tratam umha porcentagem muito pequena do total de resíduos gerados. Um outro problema é a existência ainda de alguns vertedoiros incontrolados que se acham a espera de ser selados e clausurados polas autoridades autonômicas.

A terrível cadeia de atentados ecológicos que acabamos de repasar, geram umha crise social e umha resistência mais ou menos violenta e mais ou menos organizada no seio das populações afectadas. As forças destrutoras dos nossos espaços geográficos som forças muito poderosas e complexas, sustidas por um aparelho mediático ao seu serviço, um sistema político caciquil tremendamente efectivo, e uns corpos repressivos que agem com a dureça necessária quando intervêm neste tipo de conflitos. O nacionalismo popular galego e o independentismo formarom-se nestas luitas, constituíndo aliás o primeiro movimento ecologista de relevância em toda Europa em agir na própria praxe contra projectos que agrediam à natureza no seu conjunto. Fruto desta mobilizaçom lográrom-se parar vários projectos que, de levarem-se a cabo, teriam deteriorado ainda mais a situaçom ambiental deste país, e que pola contra, permítirom desfrutar dalgumha vitória a este povo secularmente assobalhado. A central nuclear de Jove nom se materializou; pararom-se 6 projectos de novas celuloses espalhados por todo o país desde as Pontes até Ourense; pararom-se as barragens de Sela, de Návia, de Mácara (recentemente); acabou-se com a exploraçom de areia das marismas de Baldaio; as férteis terras das Encrovas nom fòrom convertidas numha mina de lignito; recuperarom-se os montes comunais (embora estar hoje gestionados polos seus verdugos pola fugida da gente nova das paróquias rurais); e a pressom social forçará possivelmente a saída de ENCE da ria de Ponte Vedra. Som exemplos de luitas levadas adiante com sucesso por milhares de galegos e galegas que sacárom a sua dignidade e combatérom a opressom do inimigo espanhol por todos os meios ao seu alcanço.
A defesa da Terra, na sua dimensom ecológica, o carácter ecológico da nossa intervençom política, nom pode ser umha aposta conjuntural, nem respostar a um oportunismo mais ou menos agachado. Pola contra deve impregnar toda a nossa estrategia de libertaçom nacional e social. @s independentistas posuímos a única estratégia realmente rupturista e inassimilável por Espanha, porque defendemos a Terra como base ecológica dumha comunidade social e política que afirma a sua independência no caminho da libertaçom.

UM OUTRO DESENVOLVIMENTO É POSSÍVEL

Os problemas ecológicos que sofre hoje a Galiza nom podem ser comprendidos na sua totalidade sem analisar a sua relaçom com a crise ecológica que se vive a nível planetário. Esta crise ambiental tem raizames económicas, nasce dum sistema tecno-produtivo altamente poluinte e duns modelos de desenvolvimento que fomentam o crescimento económico sem pensar nem analisar as incompatibilidades ambientais ou os efeitos secundários que este sistema capitalista produz. Os próprios oligarcas e gurús deste sistema económico som conscientes dos perigos que o crescimento sem limites planteja, mas nom estám dispostos a ceder um só privilégio na sua carreira de esbanjamento curto-prazista. As soluções que organismos como a ONU querem aplicar para frear a deflorestaçom, a seca, a explosom demográfica, o problema do aquencimento global e o efeito estufa entre outros, e que tem a sua plasmaçom na recente entrada em vigor do chamado “Protocolo de Quioto” , som parciais e incompatíveis com o mantimento dum sistema que tem na rapina o cerne da sua própria existência, polo que a sua aplicaçom será com certeça insuficiente de nom existir transformações de fundo que acabem com a exploraçom descontrolada. Nos últimos anos a soluçom que tecnocratas e economistas aplicam e propõem extender, é a filosofia do princípio “quem polue, paga”, quer dizer, nos preços dos produtos cuja elaboraçom supõe custos ambientais, estes custos devem ir incluídos economicamente, o qual resulta umha falácia com a qual durmir tranquilos mentras o meio ambiente agoniza. Resulta difícil que a populaçom chegue a convencer-se da inviabilidade ambiental dos modelos económicos que estám hoje vigentes. Junto com a maior das misérias, das desigualdades, dos desequilíbrios e das injustiças globais, o capitalismo tem criado umhas comodidades e uns níveis de consumo tam altos entre o mundo industrializado e desenvolvido, na periferia do qual esta o nosso país, que a sua renúncia a uns hábitos tam fortemente instalados, fomentados e defendidos por um aparelho mediático e umhas instituições políticas ao serviço do poder económico, terá que ser produto dumha transformaçom radical dos valores sociais actuais.
Quase todas as políticas económicas até o de agora aplicadas no mundo, partiram dum suposto comunmente aceitado e que se pode formular como a inesgotabilidade dos recursos naturais do planeta. Este optimismo no uso e até no abuso dos bens naturais para alcançar cada vez quotas mais altas de desenvolvimento e benestar, penetrou até nos mais pequenos recunchos da ideologia e do pensamento social moderno, seja no âmbito do capitalismo como também do socialismo. Se o capitalismo elogiava a produçom de riqueza como um instrumento válido para o aumento do consumo entre populaçom e o enriquecimento e a prosperidade das classes privilegiadas, a majoria dos países que tencionárom levar a prática o modelo socialista interpretárom que o caminho devia ser outro, a distribuiçom equitativa da riqueza gerada entre o conjunto das classes populares, embora nom questionar o modelo de desenvolvimento económico e fazer um elógio do produtivismo a qualquer preço e sem valorar os efeitos sobre a natureza, imponhendo crachás a aqueles/as camaradas que se distinguiram pola sua esforçada contribuiçom ao sucesso dos planos quinquenais. Nengum dos dous sistemas reparava nos efeitos devastadores dumha aposta pola industrializaçom maciça que era comúm, nem criticavam o tipo de vida e de demandas que esta ideologia desenvolvimentista gerava no indivíduo.
O crescimento económico, na sua habitual contabilizaçom através do PIB e da renda per cápita, é a maneira que o capitalismo tem de entender o progresso, mas é umha ficçom que nada útil reflicte porque ignora a destruiçom do capital ambiental e elude enfrontar-se à crua realidade de que, na realidade, as sociedades consideradas desenvolvidas decrescem. O industrialismo, que desde umha perspectiva mecanicista pretende reproduzir em série os processos económicos com o objectivo de maximizar a eficiência e os benefícios empresariais, somete todas todas as manifestações vitais às leis do mercado.
@s independentistas devemos pular por um pensamento ecológico encaminhado a promover a apariçom dumha nova cultura social imprescindível para que o nosso povo, e também o conjunto da humanidade, possa encarar com possibilidades de sobre-vivência o seu futuro mais imediato. Desde o ponto de vista dumha economia ecológica, dum socialismo verde como qual nos devemos identificar, nom é possível o crescimento económico continuado num sistema com recursos finitos como é a Terra, pois é necessário someter a economia às prescrições que vêm determinadas por um sistema maior do qual forma parte o sistema económico, que som as leis naturais. Cumpre superar essa visom reducionista, derivada do m odelo industrialista da gestom dos recursos, que leva a pensar que a tecnologia tem o poder e a capacidade suficiente como para solucionar ou minimizar todos os problemas ambientais que se possam manifestar. Esta é a verdadeira sustentabilidade, a que nos di que a nossa geraçom deve satifazer as suas necessidades sem limitar as possibilidadees de que as gerações futuras possam fazer o mesmo. Nom devemos esperar a que desapareza o capital natural para daquela entender a famosa máxima que nos dí que “ quando contaminem o derradeiro rio, quando talem a derradeira árvore, quando capturem o derradeiro peixe, nesse momento entenderemos que nom podemos alimentar-nos de dinheiro”.

5 de março de 2007

MARCHA AOS ANCARES

Os dias 3 e 4 do mês de Março as e os montanheiros de A.M.A.L fizemos umha marcha aos Ancares. A Marcha começou o dia 3 pola tarde, com o ascenso a Três Bispos (1792 m), e o dia 4 tentamos a subida ao teito da serra, o Cuinha (1987 m), que impediu um forte temporal de chuvia e neve.






Aldeia de Degrada, de onde partiu a marcha a Três Bispos. Montanheira jogando com um papaventos.

Ascenso a Três Bispos. Os Ancares caracterizam-se pola ampla diversidade florestal. Na foto, um acivro carregado de frutos, duns 5 metros, e umha fraga mágica.

Caminho do cúmio, nas zonas sombrias, começamos a encontrar neve.


Vistas de Pena Rúbia durante o ascenso a Três Bispos.


Última paragem, antes de alcançar a cimeira.
Chegada à cimeira de Três Bispos. Desde esta altura podemos contemplar ao Norte os pontos mais altos da Cordilheira Cantábrica, ao Leste o vale onde se assenta a cidade de Ponferrada, com os Montes de Aquilano de fundo, e ao Sul o Maciço de Trevinca.











O Domindo dia 4 desplazamonos de carro até a aldeia de Piornedo(1200 m), a mais emblemática dos Ancares. De origem pré-romana, Piornedo conserva ainda várias palhoças em bom estado e alguns canastros de planta quadrada com a cuberta de colmo. Nos últimos 50 anos perdeu dous terços da sua populaçom pola emigraçom. Hoje vivem umhas 50 pessoas, com ingressos surgidos da gadaria majormente, e cada vez mais do turismo.








As palhoças foram moradas habitadas até a década dos 70, quando a chegada da estrada possibilitou a chegada de novos materiais de construcçom, assim como a de visitantes que acodiam asombrados polo suposto "atrasso" daquelas gentes. Perante estes factos a gente foi construindo casas de estilo moderno, com o qual ficavam as vivendas tradicionais unicamente como cortelhos para o gado. Nos últimos anos têm aparecido iniciativas para conservar todo este património, elaboradas por "técnicos" alheios. A última ameaça foi a ideia de converter a aldeia num "parque temático", atirar aos seus habitantes e reubica-los numhas moradas novas a certa distáncia. Mas Piornedo está vivo e as suas gentes querem viver lá, e seguem a resistir das ameaças da turistificaçom.

Começamos a ascensom por um trilho a beira da igreja de Piornedo. Mais adiante chega-se a umha pequena campa que há que atravessar, cruzando um pequeno rio por umha ponte de madeira. Continua o ascenso entre azevinhos, vidoeiros, capudres e alguns carvalhos, por um caminho pedregoso, que é para o uso gadeiro. O caminho remata numha chaira que foi em épocas passadas um circo glaciar, onde se concentrava a neve e o geo desprendidos polo Mostalhar(1924 m), a Pena Longa (1842) e a Cima dos Lagos (1842 m). Nesta chaira existe umha vranha e umha zona de pastos aproveitados desde muitos anos atrás. Prova disto é a existência dumha edificaçom de pedra na que se acovilhavam @s vizinhas de Piornedo, que por quendas vigiavam as vacas dos ataques dos lobos. Junto a esta edificaçom ainda existem também restos de muros dos currelos onde se guardava o gado pola noite. Esta construçom chama-se usualmente "cavana dos estremenhos", embora o nome é incorrecto. A verdadeira cavana dos estremenhos estava situada um pouco mais face a ladeira do monte, e hoje está totalmente desaparecida. Nela residiam pastores que vinham de "trasumáncia" com as ovelhas desde as longinquas terras da meseta castelhana. Ve-se a importáncia dos pastos de estas montanhas, aproveitados desde séculos atrás, o que indica que o suposto isolamento dos Ancares realmente foi imposto polo progresso e a modernidade.


Ascendemos cara a golada que separa Pena Longa do Mostalhar, onde achamos umha barreira de arámio que delimita as zonas de aproveitamento gadeiro, e que foi utilizada para demarcar o artificial limite da CAG. Desde aqui dirigimonos ao Norte cara Pena Longa deixando às nossas costas o Mostalhar.
Ainda bem nom chegaramos à cimeira de Pena Longa, um forte temporal de neve obriganos a suspender o ascenso cara Cuinha, e desviamonos pola ladeira oriental de Pena Longa, para depois dumha longa e dura caminhada, topar com umha senda que nos levaria a aldeia de Suarbol (1140 m), a três Km de Piornedo.

Suarbol foi umha aldeia de palhoças até a década de 50, quando um incêndio deixounas practicamente destroçadas. As casas foram reconstruidas, embora nom se fizer o mesmo com as palhoças. A emigraçom esvaciou a aldeia e hoje umha só família vive lá, porém numerosas casas estám reabilitadas, e ocupadas por turistas no verao. A sua igreja é um fermoso exemplo de arquitectura religiosa de montanha, com a sua torre acessível do exterior.


Resenha ecológica.

A Serra de Ancares é uma sucessão de vales e cristas salientes em que, ocasionalmente, sobressaem barras quartzíticas. Trata-se duma sucessão de vales encaixados paralelos uns aos outros, abertos pelos afluentes do rio Navia, como o Ser, Quindous, Vara, Casal, Cervantes ou Valdeparada, ou pelos pertencentes à bacia do Sil, como é o caso do Cuinha, Burbia, Telheira e Valcarce. Em grande medida a serra corresponde ao interflúvio Navia-Sil.
Uma parte muito importante da serra está ocupada pelo monte baixo. Isto mostra a intensa humanização a que esteve submetida ao longo dos séculos. Entre as numerosas espécies dominam as urzes, como a Erica aragonensias, E. cinerea, E. arborea o E. umbelhata ou a Genistelha tridentata. Com elas convivem outras espécies características destas formações como as giestas ou os piornos.
Ancares reune um conjunto de "fragas" esplêndido. Entre elas são de destacar a Grova Fragosa e Calangros de Brego, no Monte Pena Rúbia; As Monteiras e Cabanavelha, na Serra do Pando e o Abesedo de Donís, no vale do rio Ortigal. Como noutros lugares de montanha, as fragas de Ancares situam-se preferentemente nas vertentes orientadas para norte, em vertentes de forte declive, sendo muito mais escassas nas vertentes orientadas para sul. O esquema ideal da vegetação de Ancares inicia-se no fundo dos vales com a existência de carvalhos robles, Quercus robur, freixos, Fraxinus angustifolia, choupos, Alnus glutinosa e sauces, Salix sp. À medida que subimos começam a aparecer as aveleiras, Corylus avelhano e os ulmeiros, Ulmos glaba. Nos cumes do interior da serra, onde as condições climáticas mudam, aparecem os azevinhos, Ilex aquifolium, os plátanos bastardos, Acer pseudoplatanus, os carvalhos robles alvares, Quercus petraea, ou os servunais, como o Sorbus aucuparia, sendo mais abundantes as aveleiras.
É nas partes culminantes da serra onde se torna mais visível o papel da orientação sobre a vegetação arbórea. Assim, nas vertentes mais solarengas, dominam sobre as plantas antes citadas, o carvalho negral, Quercus pyrenaica, espécie que tolera muito melhor a insolação e os curtos períodos de seca que costuma haver no verão. Acima destas formações, independentemente da sua orientação, aparecem os bosques de vidoeiros, Betula celtibérica, ao lado dos quais é possível encontrar azevinhos, servunais, algumas urzes e alguns teixos, Taxus baccata ou faias Fagus sylvatica. A acção dos homens e das mulheres ao longo dos séculos modificou em muitos lugares este esquema.
Os bosques de Ancares servem de habitat a espécies raras ou em perigo de extinção como a marta, Martes martes, a galinha do monte (urogalho), Tetrae urogalhus ou, esporadicamente, o urso, Ursus arctos.










X Acampamento de Verao

Como todos os últimos fins de semana do verao, reunimo-nos num par de jornadas de convívio, caminhadas, lezer e conversa, que servirá...