Vistas de Pena Rúbia durante o ascenso a Três Bispos.
Última paragem, antes de alcançar a cimeira.
Chegada à cimeira de Três Bispos. Desde esta altura podemos contemplar ao Norte os pontos mais altos da Cordilheira Cantábrica, ao Leste o vale onde se assenta a cidade de Ponferrada, com os Montes de Aquilano de fundo, e ao Sul o Maciço de Trevinca.
O Domindo dia 4 desplazamonos de carro até a aldeia de Piornedo(1200 m), a mais emblemática dos Ancares. De origem pré-romana, Piornedo conserva ainda várias palhoças em bom estado e alguns canastros de planta quadrada com a cuberta de colmo. Nos últimos 50 anos perdeu dous terços da sua populaçom pola emigraçom. Hoje vivem umhas 50 pessoas, com ingressos surgidos da gadaria majormente, e cada vez mais do turismo.
As palhoças foram moradas habitadas até a década dos 70, quando a chegada da estrada possibilitou a chegada de novos materiais de construcçom, assim como a de visitantes que acodiam asombrados polo suposto "atrasso" daquelas gentes. Perante estes factos a gente foi construindo casas de estilo moderno, com o qual ficavam as vivendas tradicionais unicamente como cortelhos para o gado. Nos últimos anos têm aparecido iniciativas para conservar todo este património, elaboradas por "técnicos" alheios. A última ameaça foi a ideia de converter a aldeia num "parque temático", atirar aos seus habitantes e reubica-los numhas moradas novas a certa distáncia. Mas Piornedo está vivo e as suas gentes querem viver lá, e seguem a resistir das ameaças da turistificaçom.
Ascendemos cara a golada que separa Pena Longa do Mostalhar, onde achamos umha barreira de arámio que delimita as zonas de aproveitamento gadeiro, e que foi utilizada para demarcar o artificial limite da CAG. Desde aqui dirigimonos ao Norte cara Pena Longa deixando às nossas costas o Mostalhar.
Ainda bem nom chegaramos à cimeira de Pena Longa, um forte temporal de neve obriganos a suspender o ascenso cara Cuinha, e desviamonos pola ladeira oriental de Pena Longa, para depois dumha longa e dura caminhada, topar com umha senda que nos levaria a aldeia de Suarbol (1140 m), a três Km de Piornedo.
Suarbol foi umha aldeia de palhoças até a década de 50, quando um incêndio deixounas practicamente destroçadas. As casas foram reconstruidas, embora nom se fizer o mesmo com as palhoças. A emigraçom esvaciou a aldeia e hoje umha só família vive lá, porém numerosas casas estám reabilitadas, e ocupadas por turistas no verao. A sua igreja é um fermoso exemplo de arquitectura religiosa de montanha, com a sua torre acessível do exterior.
Resenha ecológica.
A Serra de Ancares é uma sucessão de vales e cristas salientes em que, ocasionalmente, sobressaem barras quartzíticas. Trata-se duma sucessão de vales encaixados paralelos uns aos outros, abertos pelos afluentes do rio Navia, como o Ser, Quindous, Vara, Casal, Cervantes ou Valdeparada, ou pelos pertencentes à bacia do Sil, como é o caso do Cuinha, Burbia, Telheira e Valcarce. Em grande medida a serra corresponde ao interflúvio Navia-Sil.
Uma parte muito importante da serra está ocupada pelo monte baixo. Isto mostra a intensa humanização a que esteve submetida ao longo dos séculos. Entre as numerosas espécies dominam as urzes, como a Erica aragonensias, E. cinerea, E. arborea o E. umbelhata ou a Genistelha tridentata. Com elas convivem outras espécies características destas formações como as giestas ou os piornos.
Ancares reune um conjunto de "fragas" esplêndido. Entre elas são de destacar a Grova Fragosa e Calangros de Brego, no Monte Pena Rúbia; As Monteiras e Cabanavelha, na Serra do Pando e o Abesedo de Donís, no vale do rio Ortigal. Como noutros lugares de montanha, as fragas de Ancares situam-se preferentemente nas vertentes orientadas para norte, em vertentes de forte declive, sendo muito mais escassas nas vertentes orientadas para sul. O esquema ideal da vegetação de Ancares inicia-se no fundo dos vales com a existência de carvalhos robles, Quercus robur, freixos, Fraxinus angustifolia, choupos, Alnus glutinosa e sauces, Salix sp. À medida que subimos começam a aparecer as aveleiras, Corylus avelhano e os ulmeiros, Ulmos glaba. Nos cumes do interior da serra, onde as condições climáticas mudam, aparecem os azevinhos, Ilex aquifolium, os plátanos bastardos, Acer pseudoplatanus, os carvalhos robles alvares, Quercus petraea, ou os servunais, como o Sorbus aucuparia, sendo mais abundantes as aveleiras.
É nas partes culminantes da serra onde se torna mais visível o papel da orientação sobre a vegetação arbórea. Assim, nas vertentes mais solarengas, dominam sobre as plantas antes citadas, o carvalho negral, Quercus pyrenaica, espécie que tolera muito melhor a insolação e os curtos períodos de seca que costuma haver no verão. Acima destas formações, independentemente da sua orientação, aparecem os bosques de vidoeiros, Betula celtibérica, ao lado dos quais é possível encontrar azevinhos, servunais, algumas urzes e alguns teixos, Taxus baccata ou faias Fagus sylvatica. A acção dos homens e das mulheres ao longo dos séculos modificou em muitos lugares este esquema.
Os bosques de Ancares servem de habitat a espécies raras ou em perigo de extinção como a marta, Martes martes, a galinha do monte (urogalho), Tetrae urogalhus ou, esporadicamente, o urso, Ursus arctos.