28 de abril de 2009

Roteiro polos Montes do Invernadoiro. Maciço de Maceda


CRÓNICA DO ROTEIRO

O sábado 9, com um dia soleado que acabaria por atoldar-se cara a noitinha, como estava previsto sete sendeiristas começamos a caminhada por volta das onze da manhá, a menos de um quilómetro ao norte da barragem de As Portas. Desde o primeiro momento seguimos umha pista que bordeja todo o perímetro Norte do encoro.

Nos primeiros quatro quilómetros é relevante a instalaçom de numerosas colmeias, mesmo no próprio caminho, tirando proveito das grandes extensons de ericáceas para fornecer as abelhas com as suas flores que tam bom gosto dam ao mel. Depois de atravessar a última zona de colmeias, as gestas e as carqueijas, as urzes e até os tojos figerom-se donos do caminho, dificultando enormemente a marcha. Desde aquí o ritmo baixou muito, chegando a ocupar-nos umhas quatro horas os oito quilómetros restantes até o refúgio.

Toda vez que aprofundamos no corgo do regueiro Malharelo atopamos mais umha prancha de cemento, das que no seu dia serviam para dar continuidade à pista por riba das baixadas de auga, mas que hoje ficam já desastradas. Detemos a marcha nesta, e nom nas anteriores, para contar umha anedota relacionada com a história de Augas Limpas. E é que na altura em que dous militantes do E.G.P.G.C. andavam à procura do lugar onde levantar o campamento, deu em chover durante dias, com o que os militantes nom toparom amparo milhor que um dos tubos da prancha de cemento, já que por este nom passava a auga. Ali estiverom até três dias.

Depois desta breve parada chegamos a umha poça da que poderia ter saído a inspiraçom do nome do campamento, pois a claridade da sua auga convidava mesmo a bebê-la. Deste ponto até o refúgio restam uns duzentos metros, mas muito íngremes, aportando um pouquinho de aventura ao percorrido. Umha vez no refúgio colocamos umha pequena placa indicando quem e em que altura se construiu, para que as e os visitantes nom esqueçam a história do lugar. Ali também aproveitamos para jantar. Depois retomamos o caminho de regresso, aínda que desta volta, nalgum anaco, escolhemos ir a rentes da auga e nom pola pista. Isto convidou ao banho e pouco antes do final da rota houvo quem pegou um mergulho para aliviar o calor.

Quanto à fauna do lugar, da que já déramos um bo repasso teórico os dias prévios, andando a rota puidemos observar várias das espécies assinaladas. O minhato queimado (Milvus migrans), também alviscado duas semanas antes na jornada de preparaçom da andaina, foi umha das aves de rapina que mais claramente distinguimos, mas também nos acompanhou a sorte ao passar bem perto nossa umha tartaranha cinzenta (Circus pygargus). O lagarto das silvas (Lacerta schreiberi) foi umha das espécies mais espectaculares das que se mostrarom aos e às excursionistas. Quanto a mamíferos foi só chegando ao final do dia quando um assustado corço (Capreolus capreolus) fugiu a fume de caroço ao nosso passo. Resulta abraiante a velocidade com a que se movem estes animais, atingindo num intre outeiros que a nós nos levaria um bom bocado. Por último falar do temido lobo. Nom é que o víramos, mas si deixou a sua pegada. Por umha parte os seus excrementos, mas também o feito de que duas semanas antes tivéramos visto um javali morto ao pé do rio e agora, do javali, só ficava parte da cabeça e o costelar bem relambido, e mesmo o termos atopado restos óseos de corço polo chao, som factos que revelam inequivocamente a presência do mítico Canis lupus: O LOBO.

Crónica em imagens do roteiro:

























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Imagem do campamento do roteiro do 9 de maio de AMAL









Placa colada na parede do campamento "Augas Limpas" neste roteiro em lembrança @s companheir@s do "Exército Gerrilheiro do Povo Galego Ceive"

Momento de colocaçom da placa na parede do campamento "Augas Limpas" do EGPGC








Quarto do campamento do EGPGC utilizado como cozinha





APRESENTAÇOM DO ROTEIRO
O vindeiro 9 de Maio visitaremos Augas Limpas, base que o Exercito Guerrilheiro do Povo Galego Ceive tivo nos montes do Invernadoiro.

A saída será o sábado 9 de Maio, às 8:30, desde a estaçom de autocarros de Ourense.

Características da ruta

Se habitualmente temos como alvo das nossas saídas qualquer cúmio, desta volta nom será assim. Augas Limpas agarda perto da beira do encoro de Portas, ao pé do Pico Ortiga (1526m), concretamente no corgo que recolhe as augas do regueiro Malharelo.

Percorrido: 24 quilómetros sem desnível a umha altitude media de 850 metros. A ruta é de ida e volta.

Dificuldade: Média.

Veu dada tanto pola distáncia quanto polo estado de abandono da pista que temos de seguir, com trechos de avondosa maleza e tojeiras, o que dá num caminhar forçado e mais lento, obrigando-nos a empregar 8 horas para terminar a ruta.

O regresso será a manhá do domingo, depois de passar a noite em tendas de campismo.

Recomendaçons

No momento de escolher a roupa que levamos às marchas é importante saber que características tem o terreo. Neste caso, como digemos, caminharemos por umha pista abandonada com zonas de tojeira e maleza, polo que devemos levar umhas calças resistentes que nos amparem no possível dos pinchos. Uns vaqueiros podem ser umha boa escolha pois nom vamos ter grandes ascensos ou descidas fortes, mas tede em conta que podemos ter um dia bastante caloroso (máximas de 20 ºC).

Estremos expostos ao sol na maior parte da andaina, polo que é apropriado levar protecçom, tanto cremes quanto bonés ou sombreiros quem quiger. Este ponto é importante, aínda sabendo que podemos ter o ceo atoldado, pois a radiaçom afecta-nos igual.

Quanto à comida, temos de levar para todo o sábado e mesmo almoço para o domingo. Durante a marcha é necessário levar alimentos energéticos e ligeiros para ir ingerindo em pequenas paradas, por exemplo frutos secos (figos, dátiles, amendoas...) ou fruta, chocolate... Assim como qualquer cousa para fazer umha pequena comida ao meio-dia. Necessario LEVAR AUGA, mínimo um litro e méio per cápita, aínda que ao chegar a Augas limpas poderemos encher de novo as garrafas, pois entre o calor, o esforço e o pó da maleza, a sede vai ser de certo umha companheira de viagem.

Finalmente durmiremos em tendas de campismo, polo que levaremos todo o material necessário para isto: tenda, saco-cama, isolante, lámpada...

Breve resenha histórica

A finais da década de 80 o cerco policial sobre o EGPGC estreitou-se até o ponto de obrigar a militantes, que até daquela se agachavam em moradas de gente conhecida, a fugir cara lugares mais seguros. Foi no verao de 1987 quando José Antonio Matalobos Rebolo e Antom Árias Curto, depois de terem esquadrinhado boa parte da montanha do País constroim o refúgio de Augas Limpas no corgo do Malharelo, regueiro que verte no encoro de Portas, situado ao Leste dos montes do Invernadoiro.

Logo histórico do EGPGC

A escolha do lugar atendeu ao carácter oculto deste, mas sobre todo o facto de estar muito perto de Portugal. Quanto ao nome, é evidente que se deve à cristalinidade das augas do Malharelo, que baixam desde o Pico Ortiga para estagnar-se numha pequena poça antes de morrer no encoro.

Umha vez construído, os moradores foram Antom Garcia Matos, José Manuel Sam Martim Bouça, Manuel Chao Do Barro e Daniel Leal, instalados alí no inverno do 1988.

A sua estadia prolongou-se até o 28 de Maio desse ano, quando o Sam Martim, o Toninho e a Susana iam a umha reuniom com os militantes que estavam no refúgio de Porto-Mouro, no canhom do Sil. Essa noite caeram presas e presos no encoro de Guístolas os primeiros, e na ponte que atravessa cara Castro Caldelas caeram o Matalobos, o Curto e o Campuzano.

Resenha ecológica

O encoro de Portas, por onde caminharemos, está ao Sur-Leste do Parque Natural dos Montes do Invernadoiro. Este é um espaço natural de carácter montanhoso situado ao Sur do maciço central na província de Ourense, entre os ríos Ribeira Grande e Ribeira Pequena, e formado polas Serras de Sam Mamede, Queixa, Maceda e o Fial das Corças, que constituem o Maciço Central Ourensam, com altitudes entorno ós 1000-1600m, situadas no termo municipal de Vilarinho de Conso.

As altas montanhas de cumes cobertos de pastos, mostran nas suas pinadas abas grandes extensons de queirugais que, chegando às ribeiras dos rios, cedem o protagonismo às fragas e soutos fluviais nos que a vida bule de forma sorprendente. Aqui e ali, escuras e espalhadas manchas de pinheiros recordam a que foi a árvore predominante no passado. A fauna que tem aqui o seu fogar, assombra pola sua riqueza e adaptaçom ao medio.

O espaço destaca pola sua riqueza faunística, botánica e enorme interesse geomorfológico e paisagístico. Actualmente conta coa categoria de parque natural desde o 5 de Junho de 1997, Decreto 155/1997 (DOG do 27 de Junho de 1997); mas foi refúgio de caça como espaço natural em regime de protecçom geral coa Orde do 15 de Novembro de 1989 e coa regulaçom das actividades de uso público segundo a Orde do 8 de Janeiro de 1990, ocupando umha extensom de 5500 ha.

O clima é um dos factores interactuantes do medio físico galego. Este parque natural, devido ao seu carácter de terra interior, nom participa das características do clima oceánico na mesma medida do que outros espaços galegos, senom que, estando dentro da zona de clima oceánico, aproxima-se mais ao clima continental. Por outra parte, o seu complicado relevo dá-lhe ao clima umha variedade mui notável, coa apariçom de microclimas de pequena extensom.
Os veráns som suaves, com temperaturas por volta dos 15º C, e os invernos bastante frios, com mínimas que podem chegar aos -7º C. A pluviometría é mui avondosa ( 2000mm/ano) , com parte das precipitaçons em forma de neve. O seu verao, caloroso e seco, dá-lhes carácter mediterráneo a algumhas das suas áreas, mas ao tempo, tem umha grande influência atlántica (oceánica). Este carácter mixto que na actualidade desfruta a Serra, é o que lhe dá um grande interesse à sua vegetaçom, por dar-se no limite das regions eurosiberiana e mediterránea.

Vegetaçom

Este espacio natural está encadrado na rexión Eurosiberiana, provincia Cántabro-Atlántica, sector Galaico-Portugués, subsector Xuresiano Queixense.

A forte influencia mediterránea pom de manifesto umha etapa madura da serie Vaccinio myrtilli-Quercetum roboris sigmetum, com abundante apariçom do rebolo (Quercus pynenaica), ou denotada também pola ausência da Daboecia cantabrica nas formaçons de mato de urze e tojo...

A associaçom dominante é a Genistello tridentatae-Ericetum aragonensis, e também com umha abundáncia importante, ainda que em menor proporçom do que a anterior, atopámonos coa associaçom Agrostio duriaei-Sedetum pyrenaici. Também destacam as formaçons de prados ibéricos silíceos, que obedecem maioritariamente à associaçom Teesdaliopsio confertae-Festucetum summilusitanae.

Destacam como espécies de interesse os capudres (Sorbus aucuparia), os teixos (Taxus baccata) e abrunheiros (Prunus spinosa), entre as árvores, pola importáncia da alimentaçom que tenhem na fauna, assi como as silvas (Rubus ulmifolius), avelairas (Corylus avellana) e estripeiros (Crataegus monogyna), entre os arbustos.

Fauna

A fauna presenta a pirámide trófica completa. O lobo, único superdepredador presente, actua sobre as povoaçons naturais de corço e javali. O mais importante é a presença dumha povoaçom de doze exemplares com permanência mais ou menos estavel e com um comportamento de predaçom sobre animais selvagens, em oposiçom a outras povoaçons "degeneradas", que som predadoras “oportunistas" sobre aves de curral, depósitos de lixo, etcétera.



Som também mamíferos notaveis da área:

O leiróm gris (Glis glis), o teixugo (Meles meles), a marta (Martes martes), a gardunha, (Martes foina), o arminho (Mustela erminea) e a donicela (Mustela nivalis). Encontramos também povoaçons notaveis de ungulados, coma o corço (Capreolus capreolus), o cervo (Cervus elaphus) e mais o gamo (Dama dama).

Ademais destas espécies, estám presentes o desmám (Galemys pyrenaicus), o tourom (Mustela putorius) e mais a lontra (Lutra lutra) que habitualmente vivem no rio, ribeiras e zonas húmidas en geral.

Quanto à avifauna presente, é de destacar a presença de duas parelhas de águia real (Aquila chrysaetos) que, malia nom chegarem a criar no interior do parque, si utilizam o espaço como zona de alimentaçom. Anthus campestris (pica papuda), Bubo bubo (bufo real), Circaetus gallicus (águia cobreira), Circus cyaneus (gatafornela), Circus pygargus (tartaranha cinzenta), Falco peregrinus (falcom peregrino) ou Perdix perdix hispaniensis (perdiz charra) som só algúns exemplos das numerosas aves que habitam no parque natural do Invernadeiro.

Tartaranha cinzenta

falcom peregrino

Gatafornela





X Acampamento de Verao

Como todos os últimos fins de semana do verao, reunimo-nos num par de jornadas de convívio, caminhadas, lezer e conversa, que servirá...