A rocha dominante é o granito de duas micas, agás no Sul, onde abundam os xistos e as quarcitas. Durante a Era quaternária estivo coberto de glaciares que, como poderemos ver, deixaram numerosas pegadas em toda a zona (circos glaciares, morredeiras, vales de artesa,...)
Ao ser umha superfície tam ampla e com o relevo tam variado topamos ecosistemas muito diversos, tanto de tipo mediterráneo (vale do Bibei) como atlántico, ainda que está muito degradado polas queimas e os bosques ficam reduzidos a pequenas superfícies no fundo dos vales e nas abas das montanhas.
No futuro vamos prestar atençom ao bloco que formam a Serra de Sam Mamede, a Serra da Queixa e Os Montes do Samiom, por ser alvo das futuras expediçons de Janeiro e Março. A de Sam Mamede presenta umha orientaçom NO-SE e é a parte ocidental do maciço. Forma ángulo recto coa Queixa (NE-SO) e com os Montes do Samiom (NE-SO). A máxima altitude é Sam Mamede com 1.616 m. A destacar os formosos bosques de bidueiros que se situam nas abas orientadas cara o oeste, com exemplares centenários. O Bidueiral de Monte de Ramo distingue-se polas suas dimensons, pola altitude à que está situado (entre os 1.000 e 1.600 m) e por ser um dos bidueirais situados mais ao Sul da Galiza.
O sábado 19 de Janeiro, o nosso caminho percorrerá o vale do rio Queixa, que escava um dos vales mais grandes do maciço, entre as impressionantes formaçons da Serra de Sam Mamede e os montes do Samiom. Desde a aldeia da Ferreiria, vestígio dumha indústria artesanal metalúrgica no coraçom do maciço, subiremos até a aldeia abandonada de Teixedo e desde ali poderemos caminhar até a fraga do Meixom, se quadra a mais representativa do bidueiral de Monte de Ramo. De novo no vale, caminharemos à beira do Queixa até a aldeia de Edreira, onde faremos noite.
No vértice onde se unem as três formaçons (Sam Mamede, Queixa e Samiom) nascem inúmeros regatos dominados polo Edreira que trás varias achegas formará o rio Queixa, que morre na barragem de Chandreja de Queixa. O percorrido polo vale do Queixa desde o ponto de partida, na cola da barragem, até a aldeia da Edreira é de 10 km. Mediremos as forças das montanheiras para desviarmo-nos desta rota e trilhar os caminhos das abas orientais de Sam Mamede cara o bidueiral, mas podemos falar, aproximadamente, dumha caminhada duns 20 Km para esta primeira jornada.
Faremos noite na aldeia da Edreira, por onde nom poderemos passar sem fazer alusom a história das combatentes que lá moraram até que, no ano 1.949, logo de ser traizoadas polo PCE e ante um forte recrudescimento da ofensiva fascista contra a Guerrilha, cairam em combate contra a Guardia Civil.
A aldeia da Edreira estivo conformada por umha soa casa, a da família Galám, e foi comandaria no coraçom do Maciço dos grupos Guerrilheiros que operavam na Terra de Caldelas e de Trives, no que luitarom nomes que ressoam na memória colectiva das vizinhas da zona, como o de Mario de Langulho, “O Mário”, e muitas outras boas e generosas. A casa da Edreira foi umha dessas centos que ao longo da nossa geografia sostivo a resistência fronte ao fascismo espanhol, a qual nom seria possível sem os miles de pessoas anónimas que fizeram de enlaces, informadoras, subministradoras de roupa, alimentos e outros recursos,... as que abriram as portas das suas casas às combatentes como a irmás. Nom se pode entender a magnitude da resistência sem atender à profunda rede que tecia na nossa sociedade, sobre laços de solidariedade, irmandade e comunidade. Estes foram, naquela altura, o principal inimigo para a instauraçom do fascismo espanhol, como o som, a dia de hoje, para a imposiçom definitiva na Nossa Terra de Espanha e do capital. Por isso nom foi casual a crueldade com a que a Guardia Civil assassinou às pessoas que lá moravam junto com as guerrilheiras que se topavam naquel momento, algumhas depois de ser transladadas a Corunha e julgadas pola “lei de fugas”, para logo queimar a casa e as palheiras e derrubar a ponte. Hoje a Edreira é um conjunto de grossas paredes de pedra e fortes pilares sobre o rio, já que da queima só se salvou a capela, que logo foi utilizada como cabana de pastoras e refúgio de montanheiras, e supom-se que nas imediaçons do lugar há umha fosa comum com os corpos de 4 a 6 pessoas, entre os que se topariam Francisco Galam e algumhas das suas familiares, mortas como represália polo seu apoio à guerrilha.
Nom poderemos passar pola Edreira sem fazer sentida homenagem às que lá perderam a sua vida como às que a arriscam, a dia de hoje, no nome dos mesmos ideais. Aliás, nom pode haver paragem mais belida para sentir com nós às que nom estám e para tirar do silêncio a memória que nos roubaram.
Foto do anterior roteiro de AMAL pola zona no 2012
O Domingo 20 começaremos a manhá refrescando-nos nas augas do rio da Edreira, que é necessário cruzar tirando as botas e as calças, polo que recomendamos levar algo para secar-se (pode ser umha toalha pequena, incluso para compartilhar entre várias montanheiras). Logo começará o ascenso polos Montes do Samiom, desde onde nos embeleiçaram as vistas, à esquerda de Sam Mamede e à direita de Queixa, com Maceda ao fundo. Após umha caminhada de aproximadamente 15 Km, chegaremos ao Xistral, o ponto mais elevado do Samiom, com 1.594 m, para logo descer a aldeia de Taboaças, onde procuraremos algumha história da guerrilha ou, se quadra, do Lobisome, o Romasanta, umha lenda que percorre a Serra desde que a meados do XIX sucederam-se vários assassinatos no lugar. Desde aqui já fica um curto caminho até o ponto de partida, onde poremos fim a mais umha marcha da AMAL.Marcha: Sam Mamede – Montes do Samiom
- Dificuldade: Média-alta
- Datas: Sábado 19 Janeiro.....20 km. Domingo 20...15 Km
- Equipa necessária: Roupa de montanha apropriada para as condiçons meteorológicas, comida para 2 jornadas, saco e esterilha, toalha pequena.
- Combinaremos: De carro às 9h em Monte de Ramo, junto ao bar que está na praça frente ao mosteiro.
- Para anotar-se: Ou consultar qualquer dúvida no tlfe. 687 913 857. Faremos noite num refúgio no que colhem 10 pessoas. Cumpre anotar-se com antelaçom, por se for necessário levar tendas de campismo a maiores.
CRONICA DO ROTEIRO
O Sábado 19 de Janeiro partiu a 34ª Marcha da AMAL para trilhar, mais umha vez, os caminhos do Maciço galego. As duras condiçoes meteorológicas previstas nom conseguirom achantar às montanheiras, que começarom o caminho na boca do rio Queixa na barragem de Chandreja de Queixa, com a certeza de que ia ser necessário mudar o percurso previsto por causa dos rios nom terem cabimento nas suas bácias. A rota original planejava fazer noite na aldeia da Edreira, para o que cumpria atravessar o corgo da Boqueira, afluente do Edreira que, tras várias achegas fai o rio Queixa. A possibilidade de isto nom ser factível e mesmo de que o refúgio da Edreira nom estivesse em boas condiçoes para fazer a noite, animou-nos a mudar a rota para meter-lhe o dente ao cúmio de Sam Mamede (1.616 m).
Começou o caminho polo vale do Queixa: regueiros de penas descem agudos polas abas lambidas dos glaciares que noutrora ocuparom estas terras; o rio impetuoso lavra um dos vales mais fundos do Maciço, e acompanhou-nos bruando até a aldeia da Ferreiria onde começamos a subir polo caminho que transcorre paralelo à corga de Torneiros, um ascenso por umha fraga belida de alvos bidueiros, avondosos acivros e liques viçosos que vestem os carvalhos. A meio caminho a chuva persistente mudou em silandeira neve e, em cousa de umha hora, o branco engalanou o bidueiral, de jeito que ao chegar a aldeia abandonada de Teixedo todo era áuga aos nossos pes.
Por caminhos anegados continuamos a rota que, por riba dos 1.300 metros bordeia a fraga por pistas cobertas de neve, onde perdemos o aconchego do vento que nos presenteava a floresta. Acompanhará-nos desde entom um frio intenso que nom tiraremos dos nossos corpos até bem andado o descenso. As montanheiras demos fé das prediçoes metereológicas de alertas máximas e ciclogéneses explosivas, e comprovamos nos próprios corpos a dureza da montanha. No cúmio de Sam Mamede um forte vento carregado de neve gélida impedia-nos enxergar ao nosso redor; com dificuldade podiamos erguer as nossas cabeças para olhar-nos no caminho. Impossível nestas condiçoes tirar a foto de equipa no cúmio: malia que procuramos faze-lo na capela do Santo, o vento louco que semelhava aparecer desde todas as direçoes nom no-lo ia permitir.
Nestas condiçoes procuramos o refúgio que se atopa nas imediaçoes da capela, que encontramos em melhor estado que na rota de Janeiro de 2012. Ali pudemos petiscar algo, mas o intenso frio empurrou-nos a reanudar rapidamente a marcha, percorrendo durante aproximadamente 2 Km a crista de Sam Mamede até o Alto da Fornosinha, onde começamos o belido caminho de descenso que nos levaria de novo a aldeia da Ferreria, bulindo para espilir o frio por um caminho de neve, enquanto aos poucos nos foi acolhendo nas suas saias a montanha.
Rematou assim mais umha marcha da Agrupaçom, na que pudemos viver de perto a afouteça da montanha, que nos tinha preparada umha dura rota por causa do clima. Como sempre, o convívio ledo que nos procuram estas nossas aventuras e a nossa paixom polos cúmios desta Nossa Terra, fizeram deste roteiro umha belida marcha, animando-nos sem dúbida a repetir o Maciço, que percorreremos na próxima Marcha pola Serra de Queixa e o Samiom, para o próximo mês de Março, aguardando que, desta vez sim, as condiçons nom no-lo impidam.